A primeira antena de 5G em área rural no país, instalada na fazenda modelo do Instituto Mato-grossense de Algodão (IMAmt) em Rondonópolis (MT), deverá proporcionar ganhos de produtividade e conectividade à propriedade.
De acordo com Alvaro Salles, diretor do IMAmt, o investimento foi de R$ 250 mil e a instalação foi realizada pela fabricante Nokia, com operação de rede a cargo da TIM. A inauguração, na semana passada, contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e foi marcada por testes com drones com vídeo em 4K (alta definição) e monitoramento do campo com sensores.
“Para a torre de Rondonópolis, puxamos por nossa conta a fibra ótica. Praticamente não tínhamos conectividade até então e trabalhávamos com internet a rádio, que é muito mais limitada”, afirmou Salles ao Valor.
A fazenda-modelo de Rondonópolis trabalha com o melhoramento de cultivares de soja e algodão em uma área de 190 hectares. Na propriedade, há ainda laboratórios onde pesquisadores estudam alternativas aos fertilizantes, como o controle biológico – controle de pragas agrícolas e os microrganismos causadores de doenças a partir do uso de inimigos naturais.
Criado em 2007, o ImaMT é um dos braços tecnológicos da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). Além das fazendas-modelo, o instituto também conta com uma equipe de pesquisadores que trabalha em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília.
Entre empresas operadoras de telefonia e o próprio Ministério da Agricultura, é consenso que a chegada de internet de ponta em áreas remotas deverá ser agilizada com o Leilão do 5G, previsto para acontecer no segundo semestre do ano (ver Leilão pode acelerar avanço no campo). Apesar do nome, o foco do Leilão é levar 4G para comunidades com até 600 habitantes. No país, o 5G deve chegar até julho de 2022.
Atualmente, a TIM atende 4,1 mil cidades com tecnologia 4G e tem planos de cobrir todas os municípios brasileiros até 2023. Desse universo, 95% das áreas urbanas brasileiras são atendidas com serviços de conectividade pela empresa. Na área rural, esse percentual despenca para 10%.
Nessas áreas agrícolas, a TIM é responsável pela cobertura de uma área de mais de 6 milhões de hectares, beneficiando cerca de 575 mil pessoas, em 218 cidades brasileiras, e mais de 24 mil quilômetros de estradas e rodovias.
Depois de costurar parcerias com grandes empresas do agronegócio, como Citrosuco, Jalles Machado e Adecoagro, a operadora de telefonia vislumbra levar conectividade para pequenos e médios produtores. “Existe um grande desafio pela frente em conectar pequenos e médios produtores. E, por isso, decidimos criar uma associação, a Conectar Agro, para superarmos esse desafio”, disse Paulo Humberto Gouvêa, diretor de Top Clients Solutions da TIM Brasil, ao Valor.
Entre os membros da associação estão AGCO (Massey Ferguson, Valtra, Fendt), Climate FieldView, CNH Industrial (Case, New Holland), Jacto, Nokia, Solinftec e Trimble. As agtechs também estão no horizonte de clientes da operadora.
Segundo Gouvêa, a operadora de telefonia ainda estuda soluções mais baratas de conectividade para pequenos produtores, como antenas de menor alcance. O executivo projeta valores na casa de meia saca de soja por hectare. Nos atuais patamares recorde da soja, isso representa R$ 88, segundo o Cepea – metade de R$ 176 da saca de 60 quilos negociada em Paranaguá (PR) por hectare coberto com internet