Rússia retoma a última vila dominada pela Ucrânia dentro de seu território

O principal comandante militar da Rússia disse que o Exército russo retomou a última vila que a Ucrânia controlava na região de Kursk, no oeste do país, embora autoridades ucranianas neguem que sua ofensiva militar na área tenha chegado ao fim. A informação foi dada pelo general Valeri Gerasimov, que gerencia a invasão da Ucrânia e a defesa da Rússia como chefe do Estado-Maior.

A declaração veio seis semanas depois de sucessivos ataques do Kremlin para retomar todo o território russo que a Ucrânia ocupava, exceto uma pequena faixa de terra ao longo da fronteira, desde uma ofensiva surpresa na região de Kursk no verão passado (Hemisfério Norte).

Em um vídeo, o Gerasimov relatou ao presidente Vladimir Putin que as forças russas haviam recapturado no sábado a vila de Gornal, na fronteira com a Ucrânia.

A Ucrânia negou que suas forças tenham se retirado totalmente da região, dizendo que a operação militar do país estava em andamento. “A situação operacional é difícil, mas nossas unidades continuam mantendo suas posições”, disse o Estado-Maior ucraniano em um comunicado.

A expulsão de tropas ucranianas da região russa de Kursk pode fortalecer as pretensões do Kremlin no plano de paz promovido pelo presidente americano Donald Trump, cujo enviado especial, Steve Witkoff, se encontrou com Putin na última sexta-feira.

Forças ucranianas cruzaram a fronteira para Kursk em agosto, rapidamente invadindo posições russas, fazendo dezenas de prisioneiros e tomando a pequena cidade de Sudzha, a cerca de 10 quilômetros da fronteira. A incursão, a primeira em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, foi um grande constrangimento para Moscou e levou a alguns dos confrontos mais sangrentos da guerra, enquanto as forças ucranianas lutavam para manter o território.

Autoridades em Kiev argumentaram que, em último caso, poderiam negociar as terras russas por territórios ocupados pela Ucrânia em uma negociações de paz, mas Moscou recuou, dizendo que não se envolveria em nenhuma negociação nesse sentido.

Na semana passada, o jornalista russo Konstantin Remchukov disse em uma coluna que Putin estava determinado a continuar lutando até que as forças ucranianas fossem totalmente expulsas de Kursk.

No vídeo deste sábado, o general Gerasimov também observou que tropas norte-coreanas ajudaram a expulsar as forças ucranianas do território russo. Foi a primeira confirmação oficial da Rússia sobre o envolvimento da Coreia do Norte na guerra na Ucrânia.

Ucrânia perde força

No auge de sua incursão, a Ucrânia controlava cerca de 1.270 quilômetros de território russo. Mas a extensão territorial não era tão significativa quanto a Ucrânia esperava nas negociações para encerrar a guerra, apesar dos esforços de Kiev para destacar seus ganhos na Rússia.

No entanto, quando Trump retornou à Casa Branca em janeiro, as forças russas estavam sendo auxiliadas por milhares de soldados norte-coreanos. Os norte-coreanos sofreram perdas graves e foram brevemente retirados do combate para se reagruparem, retornando no início de fevereiro, de acordo com soldados e autoridades ucranianas.

No final de fevereiro, as forças ucranianas haviam perdido cerca de dois terços das terras que conquistaram anteriormente. Em março, perderam Sudzha , a principal cidade que ocupavam no lado russo da fronteira, e mantiveram apenas um pequeno pedaço de terra .

O envio de alguns dos melhores soldados da Ucrânia foi criticado por alguns que achavam que Kiev deveria ter concentrado seus recursos no reforço das defesas no leste da Ucrânia, especialmente porque essas linhas cederam lentamente no ano passado sob a implacável pressão russa.

Mas o principal comandante militar da Ucrânia, general Oleksandr Sirski, argumentou que a incursão desviou a atenção da Rússia para a defesa de seu próprio território. Autoridades ucranianas também disseram que a ofensiva de Kursk dissipou o medo das “linhas vermelhas” do Kremlin em relação a ataques em território russo, ajudando a persuadir o governo Biden a suspender as restrições ao uso de armas ocidentais contra alvos em território russo

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