Com diferença de apenas um voto, o Parlamento britânico aprovou na noite desta quarta-feira (3) medida com objetivo de garantir que o Reino Unido não deixe a União Europeia sem um acordo de saída.
Aprovada por 313 votos contra 312, a lei requer que a primeira-ministra Theresa May peça à UE um adiamento do prazo para o brexit caso o país esteja à beira de uma saída sem acordo.
A medida ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Lordes, o que deve acontecer nesta quinta-feira (4), mas não torna obrigatório que a UE concorde com o adiamento —a aprovação, nesse caso, tem de ser unânime.
Na terça-feira (2), May anunciou que pedirá à UE um novo adiamento do desligamento britânico do bloco, mas sem estabelecer uma nova data para a saída. Ela sublinhou, apenas, que espera que o brexit aconteça antes de 22 de maio, para evitar que o Reino Unido tenha de participar das eleições para o Parlamento Europeu, que começam nesse dia.
Pelos termos acordados com o Conselho Europeu (colegiado de presidentes e primeiros-ministros do continente) em 21 de março, Londres teria até 22 de maio para se desligar da UE, desde que o acordo de “divórcio” fosse aprovado pelo Parlamento britânico até 29 de março (data original do adeus), o que não aconteceu.
Diante disso, a nova data-limite passou a ser 12 de abril, o que Londres tenta rever.
Nesta quarta, a primeira-ministra se reuniu com o líder da oposição, Jeremy Corbyn, para debater os próximos passos da saída do Reino Unido da UE. O encontro terminou de maneira inconclusiva, mas os dois lados confirmaram que as conversas vão continuar.
Na noite desta segunda (1º), o Parlamento britânico rejeitou, pela segunda vez em cinco dias, todas as propostas alternativas ao acordo de separação defendido por May, ele mesmo já rechaçado três vezes. Na semana anterior, os parlamentares já tinham rejeitado outras nove alternativas.
Com a indefinição, May convidou na terça (2) Corbyn para a mesa de negociações, para que os dois consigam elaborar uma proposta conjunta que consiga os votos da maioria da Casa.
Ao sair da reunião nesta quarta, o opositor afirmou que os dois lados ainda estão distantes de chegar a um acordo. “Não houve tantos avanços como gostaríamos. O encontro foi útil, porém inconclusivo”, disse Corbyn.
Já do lado do governo, um porta-voz de May classificou a reunião como construtiva. Os dois líderes devem voltar a se encontrar nesta quinta.
A primeira-ministra não definiu um prazo para que as negociações com a oposição sejam concluídas.
O Conselho Europeu realizará uma cúpula de emergência no próximo dia 10 para debater o pedido por um novo adiamento, mas os líderes europeus já indicaram que até lá gostariam que May e Corbyn já tenham chegado a um acordo.
Caso isso não ocorra, o Reino Unido pode ser obrigado a pedir um adiamento mais longo —até o final do ano— ou a realizar um brexit sem acordo (o chamado “no deal”), o que poderia prejudicar a economia britânica.