O livro

Por Mario Rene

Conta-se que um ousado professor de uma renomada Instituição de Ensino Superior resolveu ministrar uma aula prática – uma verdadeira aula de laboratório – para explicar a seus alunos – ou corpo discente, ou estudantes (os que dantes – em distante época – estudavam, daí estudantes) –  a composição e o funcionamento de um estranho objeto para eles, alunos, denominado… livro.

De uma caixa embrulhada para presente, o ousado professor retira três exemplares deste até então desconhecido objeto ao corpo discente, ou estudantes, daquela I.E.S.

Ele então explica que o livro é composto de capa, geralmente dura e bastante colorida (os alunos, ou corpo discente,  gostam muito de cores e figuras…), e uma quantidade variável de folhas de papel, que assim encadernadas compõem o precioso e desconhecido objeto.

O professor então pacientemente demonstra que aquelas folhas de papel já vem com muitas marquinhas pretas, de formatos variados, que se convencionou chamar de letras. E explica que o conjunto dessas marquinhas, agora chamadas letras, é denominado alfabeto.

O valoroso professor então explica que essas marquinhas do alfabeto ou letras –  quando combinadas em determinada sequência, passam a se chamar palavras. E várias palavras em sequência formam uma frase, que geralmente tem sentido (para o autor, certamente, para os alunos, provavelmente nenhum).

E o ousado professor aprofunda sua aula, e teme não se fazer entender.

O conjunto de muitas frases denomina-se parágrafo, e uma página pode conter vários deles.

Nesse momento, o professor percebe um verdadeiro alvoroço em sua sala: os alunos conversam em voz alta entre si, e vários braços se levantam ao mesmo tempo:

– “Muitas frases?”

– “Parágrafos?”

– “Mas não cabe no Twitter!” (seus 140 caracteres são o atual limite de leitura dos alunos).

É quando os alunos se dão conta de… páginas, folhas,….

E bate o desespero na sala.

Uma corajosa aluna levanta o braço, lá do fundão:

– “Prof, quando chegar ao final do parágrafo, como a gente faz pra se lembrar do começo? Acho que vou esquecer…”.

Os alunos começam a se interessar por tão exótico bem.

Folheiam, curiosos, alguns exemplares trazidos pelo destemido professor.

E se surpreendem ao notar que aquelas muitas páginas – repletas de marquinhas negras, de extensão variada, chamadas palavras – podem ser manuseadas para a frente e…

… para trás.

Para a frente, e…

… para trás.

Pra frente, e pra trás…

Oba!… que gostoso.

A classe se diverte com a experiência.

Os celulares são momentaneamente abandonados, provocando em vários alunos a síndrome do pânico.

Passados três minutos, uma crise de abstinência se apossa de todos.

Largam-se os livros, e se aconchegam os celulares nas palmas das mãos.

Ah!!!!!! Agora sim.

De volta ao mundo real.

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