Mario Rene
Li (lemos!…) estarrecido o episódio perpetrado há três semanas por este radical grupo islâmico.
Simplesmente o sequestro de centenas de adolescentes de tribos de seitas antagônicas com o fito de vendê-las, escravizá-las e/ou estuprá-las.
Como citado na reportagem de Veja de 14 de Maio, “elas serão vendidas como escravas pelo equivalente a 27 reais cada uma para chefes tribais na Nigéria, Camarões e no Chade…”
Uma notícia que certamente acarretaria calafrios há algumas centenas de anos, e hoje, no tal do século XXI, causa o que?
Enquanto pensava numa adjetivação adequada (que imagino não existir…), reli o nome do grupo sequestrador.
E não pude deixar de associá-lo a uma das mais marcantes campanhas da publicidade brasileira: o “Boko Moko”, do Guaraná Antarctica, em meados dos anos 70, estrelado pelo personagem Teobaldo.
O Boko Moko nomeava sujeitos bregas ou cafonas, e os comerciais apresentavam cenas hilárias dessa “trupe”. Tomar o Guaraná Antarctica era uma senha contra o Boko Moko.
“-Teobaldo: o que é o Boko Moko?”
“- Ninguém sabe como começa… ele ataca quando a gente menos espera”.
E aí surge na rua uma mulher cheia de bobies nos cabelos.
“-E como a gente evita o Boko Moko, Teobaldo”?
“-Com o Guaraná Antarctica na mão, nunca foi atacado pelo Boko Moko. Não tem abat-jour com pele de tatu em casa, não tem onça de olho aceso no carro, nunca fez som-livre com a sopa…”
E qual não foi meu espanto quando li, na mesma reportagem de Veja, que o termo Boko, do Boko Haram, significa fraude, vergonha, e outros termos assemelhados.
Será que se enviássemos à Nigéria carregamentos de Guaraná Antarctica poderíamos colaborar para torná-los cidadãos do bem? Uma senha contra o Boko Haram, chefiado pelo radical babaca-Abubakar Shekau ?
Mas façamos uma viagem de volta da Nigéria para o Brasil.
O Brasil da Copa, das Olimpíadas, sétima economia do planeta.
Aonde ainda se acredita em rituais de magia negra.
Novamente, não precisamos retroceder ao século XVII, quando em Salem, Massachusetts, dezenas de mulheres foram condenadas e enforcadas por…
… bruxaria.
É 2014, Estado de São Paulo, periferia da outrora “Pérola do Atlântico” – o Guarujá – e com a ajuda da Internet, Facebook, etc, uma mulher suspeita de imolar criancinhas foi ela própria linchada.
Nesse caso, nem o Guaraná salvaria a infeliz.
E então me pergunto: em que planeta vivemos?
O Estado de São Paulo, edição de hoje, 13 de Maio de 2014, dia da libertação dos escravos:
“Manicure foi torturada e assassinada por vingança” (estão investigando se foi enterrada viva).
A exemplo da brilhante designação “Belíndia” para o Brasil como uma simbiose de Bélgica do 1º mundo com Índia do 4º, popularizada pelo economista Edmar Bacha em 1974, procuro uma para o nosso falido planeta.
Quem me auxilia a criar esse neologismo?