O mundo está sofrendo de um caso grave de “desordem de déficit de confiança”, afirmou nesta terça-feira (25) o secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura da Assembleia Geral, em Nova York.
Ao apontar para a crescente polarização e populismo em vários países, a menor cooperação entre eles e uma “frágil” confiança nas instituições internacionais, Guterres afirmou que “os princípios democráticos estão sob um cerco”.
Para Guterres, o princípio de cooperação multilateral “está sob fogo precisamente quando precisamos mais dele”.
Em um momento de “ameaças existenciais maciças” às pessoas e ao planeta, “não há meio de avançar sem ser uma ação coletiva, baseada no senso comum, para o bem comum”, afirmou o secretário-geral.
“Líderes têm o dever de promover o bem-estar de seus povos”, afirmou Guterres. “Mas, como guardiães do bem comum, também temos o dever de promover e apoiar um sistema multilateral reformado, revigorado e fortalecido.”
Ele defendeu um compromisso renovado para uma ordem mundial com a ONU em seu centro e alertou contra o aumento da “política do pessimismo”.
“Aqueles que veem seus vizinhos como perigosos podem provocar uma ameaça quando não há uma. Aqueles que fecham suas fronteiras para a migração regular apenas alimenta o trabalho de traficantes”, disse Guterres. “E aqueles que ignoram os direitos humanos ao combater o terrorismo tendem a alimentar esse mesmo extremismo que tentam erradicar.”
Traçando uma lista dos problemas do mundo, Guterres reconheceu que os esforços de paz estão falhando e que as normas humanitárias internacionais estão em colapso.
“Há indignação com a nossa incapacidade de acabar com as guerras na Síria, no Iêmen e em outros lugares”, disse ele. “O povo rohingyapermanece no exílio, traumatizado e na miséria, ainda ansioso por segurança e justiça”.
A solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino está cada vez mais “mais distante” à medida que a ameaça nuclear “não se distanciou”, disse ainda.
Guterres também instou os líderes a lidar com a questão da mudança climática com mais urgência e ambição e anunciou que irá organizar uma cúpula sobre o tema em setembro do próximo ano. O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou no ano passado o Acordo de Paris, acordo global para reduzir emissões.
“Se não mudarmos de rota nos próximos dois anos, corremos o risco de uma mudança climática desenfreada”, afirmou o secretário-geral.