O conservador alemão Friedrich Merz anunciou nesta quarta-feira, 19, uma coalizão com o partido Social Democrata, de centro-esquerda, para formar o novo governo da Alemanha. Vencedor das eleições em fevereiro, Merz, do União Democrática Cristã, prometeu um governo para o país “avançar” frente a “desafios históricos”.
O novo líder se referiu ao avanço do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), partido com o segundo maior número de votos, dificuldades na economia, em recessão há dois anos, e pressão para investir na defesa.
A expectativa é que o governo inicie em maio. Um plano com 146 páginas negociado entre os dois partidos foi apresentado e deve basear as políticas. “A política dos próximos anos determinará em grande parte se seguiremos vivendo em uma Alemanha livre, segura, justa e próspera”, diz o documento.
O governo planeja reformas na migração e na segurança nacional, apoio irrestrito à Ucrânia na guerra contra a Rússia e mais gastos militares, para ter protagonismo na segurança da Europa.
A conclusão da coalizão deve tranquilizar os demais países europeus, impacientes para que a Alemanha tenha um novo líder depois da paralisação do governo de Olaf Scholz em novembro, que o forçou a antecipar as eleições em sete meses.
Segundo a imprensa alemã, as pastas de Economia e Relações Exteriores provavelmente irão para os conservadores, enquanto os social-democratas ficarão com as de Finanças e Defesa, comandada por Boris Pistorius desde o governo anterior.
Colapso
O governo de Olaf Scholz, do Social Democrata, entrou em colapso no início de novembro por divergências na coalizão entre o seu partido, o Verdes e o Democrático Livre na discussão sobre o orçamento.
O novo governo não terá esse problema. Diante da turbulência global, Merz conseguiu no início de março aprovar um plano de investimento em defesa no valor de € 500 bilhões (o equivalente a R$ 3,3 trilhões), além de permitir que os gastos superem a regra fiscal.
O pacote de crédito foi saudado pelos líderes europeus, mas a flexibilização fiscal é criticada. Merz havia prometido não alterar a legislação. A nova medida aumenta os limites de endividamento do país.