Japão compra petróleo russo pela primeira vez em mais de dois anos

O Japão importou petróleo bruto russo pela primeira vez em mais de dois anos, entregue em um petroleiro sancionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Dados da Kpler, especialista em rastreamento de navios, mostraram que o navio sancionado, Voyager, descarregou sua carga em uma refinaria de propriedade da Taiyo Oil em 8 de junho. A empresa confirmou a compra do petróleo bruto russo.

A Taiyo Oil afirmou que a compra foi feita a pedido da Agência de Recursos Naturais e Energia, um departamento subordinado ao Ministério da Economia, Comércio e Indústria (Meti). Um funcionário do Meti confirmou o pedido.

O Voyager carregou o petróleo bruto, chamado Sakhalin Blend, do projeto de petróleo e gás Sakhalin 2 no final de maio. O Japão possui uma isenção dos Estados Unidos e da União Europeia para receber o petróleo, dado o papel crítico que as entregas regulares do petróleo bruto desempenham na segurança energética do Japão. Sakhalin 2 fornece cerca de 10% das importações japonesas de gás natural liquefeito. O gás de alimentação para o combustível super- resfriado é produzido juntamente com o petróleo. Se o armazenamento local para o petróleo ficar cheio devido à incapacidade de transportar a mistura, as instalações a montante podem ser forçadas a interromper a produção, afetando a produção de gás

O representante do Meti e um porta-voz da Taiyo disseram que a decisão de importar o petróleo bruto russo foi tomada para garantir um fornecimento estável de GNL.

Um cidadão não americano que se envolva com uma entidade sancionada pelos Estados Unidos normalmente estaria sujeito a sanções secundárias da maior economia do mundo. As penalidades incluem a perda de acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos e o congelamento de ativos em jurisdições americanas.

O representante do Meti disse que o ministério verificou com as autoridades americanas que não haveria risco de sanções secundárias pela importação do petróleo por meio de um navio incluído na lista de sancionados, dada a isenção. A União Europeia, por sua vez, não possui um mecanismo oficial para impor sanções secundárias.O Japão era um comprador regular de petróleo russo, incluindo o Sakhalin Blend, antes da invasão da Ucrânia por Moscou em fevereiro de 2022. O país não realizava importações desde janeiro de 2023, embora os Estados Unidos e a União Europeia tenham concedido a isenção por motivos de segurança energética.

O Sakhalin 2 era originalmente propriedade da estatal russa de gás Gazprom, da Shell, da trading japonesa Mitsui & Co. e da Mitsubishi Corp. Após a invasão da Ucrânia, a Shell saiu do projeto, mas as empresas japonesas mantiveram suas participações.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2025/06/12/japao-compra-petroleo-russo-pela-primeira-vez-em-mais-de-dois-anos.ghtml

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