Irã desafia Ocidente e decide intensificar enriquecimento de urânio

Irã afirmou que construiu e ativará uma terceira instalação de enriquecimento nuclear, aumentando as tensões com a ONU nesta quinta-feira, 12, logo depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) censurar Teerã por não cumprir as obrigações de não proliferação destinadas a impedi-lo de desenvolver uma arma nuclear.

A censura da AIEA, a primeira em 20 anos sobre a não conformidade iraniana, pode dar início a um esforço para elevar as sanções ao Irã ainda este ano.

Teerã condenou a votação, chamando-a de política em uma declaração conjunta de seu Ministério das Relações Exteriores e da agência nacional de energia atômica. “A República Islâmica do Irã não tem escolha a não ser responder a esta resolução política”, disseram.

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, havia alertado que Israel ou os EUA poderiam lançar ataques aéreos contra instalações nucleares iranianas se os negociadores não chegassem a um acordo sobre o rápido avanço do programa nuclear iraniano. Uma sexta rodada de negociações entre Irã e EUA está marcada para começar domingo, em Omã, e, com o aumento das tensões, alguns funcionários do governo americano considerados não essenciais começaram a deixar a região do Golfo.

A aguardada votação da AIEA foi mais um indício de que a paciência americana e europeia está se esgotando. A resolução da agência foi apresentada pelos EUA, Reino Unido, França e Alemanha e aprovada facilmente, com 19 votos do conselho de 35 países. Rússia, China e Burkina Faso votaram contra, e 11 outros países se abstiveram, enquanto dois não votaram. A agência também afirmou que o Irã consistentemente deixou de fornecer informações sobre material nuclear não declarado e atividades em diversos locais.

Teerã reagiu com indignação à perspectiva da votação e ameaçou deixar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, que entrou em vigor em 1970. O Irã é signatário, mas não ratificou uma seção que permitiria aos inspetores revistar áreas do país onde suspeitassem de atividade nuclear. A votação também foi vista como parte da diplomacia em torno das negociações sobre o programa nuclear iraniano entre Washington e Teerã.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou na quarta-feira que uma medida de censura ao país “obrigaria o Irã a reagir fortemente”.

Após a votação, ele confirmou que participará das negociações em Omã, mas alertou que a censura adicionaria complexidade às conversações. Ele se encontrará com o enviado especial do presidente Trump Steve Witkoff.

Araghchi e outros alertaram que qualquer ação militar contra o Irã, pelos EUA ou por Israel, produziria consequências graves, incluindo ataques a bases militares americanas.

O Irã afirma que seu programa nuclear é para uso civil, não para desenvolver armas. Segundo a AIEA, porém, o país já possui urânio altamente enriquecido suficiente para construir dez bombas em menos de um ano. /NYT e AP

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