Indústria global corta produção e empregos

Uma série de índices de atividade industrial divulgados ontem mostraram um cenário quase uniforme da queda acentuada da produção, queda de novos pedidos e de contratação de funcionários 

Fábricas nos EUA, na Ásia e na Europa cortaram a produção e os empregos em março no ritmo mais rápido desde a crise financeira, num sinal de que a economia global entrou numa profunda paralisação, como resultado das medidas de confinamento dos governos para conter o novo coronavírus e minimizar a mortalidade. 

Uma série de índices de atividade industrial divulgados ontem mostraram um cenário quase uniforme da queda acentuada da produção, queda de novos pedidos e de contratação de funcionários. A principal exceção foi a China, que registrou uma ligeira recuperação da atividade quando sua economia começou a se deteriorar, tendo sido a primeira a ser paralisada. 

Fábricas em todo o mundo relataram uma série de desafios. Algumas fecharam completamente, pois os trabalhadores foram forçados a ficar em casa para atender aos requisitos de distanciamento soci1al. Outras foram forçadas a reduzir a produção porque as matérias primas e peças de que precisam se tornaram escassas. E outras diminuíram a produção por causa da queda na demanda com a crise atingindo a economia global. 

É provável que a produção e o emprego no setor industrial caiam ainda mais antes de começar a se recuperar, embora essa recuperação possa ser limitada por cortes de empregos e paralisações que podem levar tempo para reverter. Se não receberem ajuda dos governos e os bancos mantiveram a rigidez nas cobranças de dívidas e concessão de empréstimos, algumas empresas manufatureiras poderão fechar para sempre. 

“As condições para a produção manufatureira provavelmente vão piorar”, disse Rosie Colthorpe, economista da Oxford Economics. “Medidas de confinamento cada vez mais rigorosas, tanto na zona do euro quanto no mundo, resultarão no fechamento de mais fábricas. As crescentes demissões no setor industrial relatadas em março significam que as fábricas não poderão restaurar imediatamente a produção assim que as medidas de contenção forem suspensas.” 

Nos EUA, o índice de atividade industrial do Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu para 49,1 pontos em março – números abaixo de 50 indicam contração. O índice de encomendas, um indicador da demanda futura, caiu a 42,2 pontos. 

Na zona do euro, o índice de atividade caiu para o menor nível desde a crise da dívida de 2012, para 44,5 em março. A atividade na Alemanha, motor industrial da região, caiu a 45,4. Outra potência manufatureira, o Japão viu seu índice de atividade cair ao menor nível desde abril de 2009. A China, por sua vez, começa a ver sinais de recuperação da parada na atividade desde o fim de janeiro e que se estendeu até o fim de fevereiro. O índice de atividade privado da Caixin/Markit PMI subiu para 50,1 em março. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/04/02/industria-global-corta-producao-e-empregos.ghtml

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