Para assessor da Casa Branca, a epidemia do coronavírus poderá adiar o impulso econômico esperado nos EUA com a primeira fase do acordo comercial firmado com a China
Larry Kudlow, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, disse ontem que a epidemia do coronavírus poderá adiar – mas não impedir – o impulso econômico esperado nos EUA com a primeira fase do acordo comercial firmado com a China. “É verdade que a onda de exportações decorrente do acordo comercial vai demorar mais em razão do vírus chinês”, disse Kudlow em uma entrevista à Fox News Network.
A fase um do acordo prevê que a China vai acelerar as importações de produtos e serviços dos EUA. Kudlow e outros afirmam que as compras poderão ser afetadas pelas tensões econômicas que têm afetado a China, onde o setor industrial se apresenta bastante ocioso enquanto continuam os esforços para impedir a propagação do coronavírus.
Mas Kudlow disse esperar um impacto mínimo no longo prazo. “Acho que será mais difícil para a China”, disse. “O mundo não parou. Somos uma economia vibrante nos EUA e casualmente isso poderá estimular alguns investimentos das empresas em equipamentos e estoques.”
Uma ex-autoridade da área de comércio dos EUA que participou ontem de uma conferência em Washington, disse que as preocupações com o acordo comercial devem ser colocadas num segundo plano em relação à crise humanitária que se desenrola na China. “A melhor coisa que os EUA podem fazer em relação a isso é serem compassivos”, disse Wendy Cutler, que atuou no governo de Barack Obama. “Acho que há um grande incentivo dos dois lados para esse acordo dar certo. A China fará o que puder para implementar o acordo da melhor maneira.”
Clete Willems, sócio da Akin Gump e a autoridade comercial do governo Trump, disse que a China vai se esforçar para cumprir as metas de compra “porque não quer irritar os EUA”. No mês passado, o presidente Donald Trump e o vice-premiê da China, Liu He, assinaram um acordo que prevê que a China aumentará suas importações de bens e serviços dos EUA em US$ 200 bilhões ao longo dos próximos dois anos.
O acordo prevê o aumento das compras de manufaturados em US$ 77,7 bilhões. A categoria de serviços de tecnologia, que inclui taxas para serviços relacionados à nuvem da computação e o uso de propriedade intelectual, está projetada para crescer em US$ 37,9 bilhões. As compras de energia vão aumentar em US$ 52,4 bilhões.
As tão anunciadas compras no setor de agricultura têm metas menores de crescimento sob o acordo do que nas áreas de energia, manufatura e serviços, com um aumento de US$ 32 bilhões no período de dois anos. Além das metas de compras, porém, a China concordou com medidas que darão mais acesso aos seus mercados de produtos lácteos, carne bovina, de aves e peixe, além de arroz e até mesmo rações para animais de estimação produzidos nos EUA.
Quaisquer adiamentos nas compras pela China, porém, poderão ser compensados posteriormente com compras maiores. “É bem possível que a China supere isso até o fim do segundo trimestre e venha a usar muito de seu afrouxamento monetário para tentar impulsionar a economia e compensar as perdas do primeiro trimestre”, disse Ann Lee, autora do livro “What the U.S Can Learn from China” (O que os EUA podem aprender com a China).