Em resposta a congressistas, Facebook recomenda leitura de normas de uso

Durante seus dois dias de depoimento ao Congresso, em abril, MarkZuckerberg, o presidente-executivo do Facebook, prometeu repetidamente “um retorno” aos legisladores sobre perguntas que não havia sido capaz de responder. Na segunda-feira (11), o Congresso dos Estados Unidos divulgou as respostas da rede social a essas questões.
Em um documento de 454 páginas divulgado por dois comitês do Senado (o de Comércio e o Judiciário), o Facebook ofereceu informações a mais de duas mil perguntas dos legisladores, para tópicos que incluem suas normas para o uso de dados de usuários, privacidade e segurança. Mas boa parte das informações incluídas pelo Facebook em sua resposta não são novas, e a rede social evitou respostas detalhadas, em uma atitude que pode reforçar os argumentos de alguns de seus críticos.
Em dezenas de respostas sobre como o Facebook opera e como lida com seu conteúdo online, a empresa recomendou que os congressistas procurassem suas normas de uso e padrões comunitários. Em 224 casos, o Facebook recomendou que os legisladores lessem respostas a perguntas anteriores.
“Ver resposta à questão 2”, escreveu o Facebook em resposta a sete questões apresentadas pelo senador Ted Cruz, republicano do Texas, que havia perguntado se a empresa bloqueava conteúdo postado por vozes conservadoras.
Zuckerberg depôs em Washington dois meses atrás, em resposta à crescente indignação quanto ao possível uso indevido pela empresa de dados sobre seus usuários.
A visita surgiu por após revelações do jornal The New York Times e de outros veículos de imprensa da coleta indevida de dados pessoais de milhões de usuários do Facebook pela Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política ligada à campanha eleitoral do presidente Trump.
Nos dois dias de depoimento de Zuckerberg no Congresso, ele foi submetido a horas de questionamento sobre diversos assuntos, do modelo de negócios da empresa às suas práticas de segurança de dados, e sobre o abuso de sua plataforma por agentes estrangeiros durante a eleição presidencial de 2016. Ele disse que retornaria aos 24 legisladores que o questionaram com respostas adicionais, como apurou o The New York Times.
Depois da conclusão das audiências, os legisladores apresentaram uma lista formal de perguntas escritas para as quais desejavam mais informação.
Em um comunicado que o Facebook divulgou em conjunto com suas respostas, a empresa agradeceu os legisladores pelas perguntas e disse que fez o melhor “para estudá-las e respondê-las no prazo disponível”.
Um porta-voz do Facebook disse que a empresa também estava se preparando para enviar suas respostas a perguntas apresentadas pelos Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados.
Em muitas das respostas da empresa, ela buscou assegurar aos legisladores que estava ativamente buscando outras companhias que possam ter lucrado com o uso de dados pessoais de seus usuários. Em resposta a uma pergunta do senador John Thune, republicano do Dakota do Sul, por exemplo, a empresa disse que estava em meio a uma investigação sobre todos os aplicativos que tenham recolhido grande volume de dados do Facebook, e que 200 deles já haviam sido suspensos.
Muitos senadores também perguntaram ao Facebook o que a empresa está fazendo para proteger sua plataforma para as eleições de novembro. A empresa respondeu de maneira quase idêntica a essas questões, delineando os novos instrumentos que está colocando em uso para erradicar contas falsas e campanhas de desinformação.
Alguns senadores apresentaram muitas perguntas à empresa. Cruz, por exemplo, fez 119 perguntas, muitas das quais continham subítens. Os assuntos que o interessavam incluíam a doação de dinheiro por funcionários do Facebook a campanhas políticas democratas e republicanas, ao longo dos anos, e a maneira pela qual o Facebook define suas normas quanto à retórica do ódio.
Congressistas disseram estar revisando as respostas do Facebook.

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