Eleitores devem dar voz mais forte a verdes e eurocéticos na Europa

Os eleitores europeus devem sacudir a ordem política nas eleições para o Parlamento Europeu deste domingo, inaugurando um período de incertezas, em um momento em que o continente tenta se impor contra os Estados Unidos e a China.
As eleições para o Parlamento Europeu, a segunda maior legislatura democrática do mundo depois da Índia, foram realizadas nos 28 países da União Europeia desde quinta-feira. Os resultados iniciais são esperados para esta noite e pesquisas de boca de urna sugerem que os grupos de centro-direita e de centro-esquerda, que dominaram a política por décadas, perderam terreno para os partidos eurocéticos e verdes.
Parece provável que uma maioria pró-União Europeia emerja das eleições, mas mais fragmentada do que nos últimos anos. Tal resultado e a incerteza sobre a saída iminente do Reino Unido do bloco complicará mais o já complexo processo de tomada de decisões da Europa, aumentando o risco de disputas prolongadas. Os governos nacionais têm a palavra final sobre todos os assuntos importantes da União Europeia, mas o Legislativo pode influenciar regras sobre questões que vão desde a segurança ao roaming, e pode derrubar acordos comerciais ou indicar nomes para os principais cargos do bloco.
“Haverá uma maioria pró-europeia, mas a questão será como conseguir que a maioria coopere através das linhas partidárias”, diz Israel Butler, cientista político da União das Liberdades Civis da Europa. Pesquisas de boca de urna vários países, como Alemanha, Croácia, República Tcheca e Eslováquia, confirmam uma tendência “antiestablishment”.
Na Alemanha, os democratas cristãos de centro-direita da primeira-ministra Angela Merkel devem chegar a 28%, abaixo dos 35,3% da eleição de 2014, segundo pesquisas de opinião da Infratest. O Partido Social-Democrata, que está na coalizão de Merkel, deve sofrer um baque mais forte e cair para 15,5%, de 27,3% em 2014, enquanto os verdes devem ficar em segundo lugar e dobrar suas cadeiras na legislatura da União Europeia. O partido eurocético Alternativa para a Alemanha Germany também deve aumentar presença, passando de sete para dez lugares.
Na Irlanda e na Holanda, as pesquisas indicam que os partidos de centro-direita e centro-esquerda já estabelecidos levem mais assentos do que o esperado inicialmente. Mas em outros países populosos, como França, Itália, Espanha e Polônia, os levantamentos mostram que partidos moderados perderão votos para eurocéticos e verdes. Isso obrigará a coalizão bipartidária de centro-direita e de centro-esquerda, que há décadas tem mantido maioria confortável no Parlamento Europeu, a cooptar um terceiro ou até mesmo um quarto grupo para aprovar leis.

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