Cortando venda de diesel Rússia pressiona preço do petróleo

A decisão da Rússia de proibir as exportações de diesel – e gasolina – pode provocar uma ruptura no fornecimento de combustível antes do inverno europeu, mas a profundidade desse impacto dependerá da sua duração. 

A Rússia embarcou mais de um milhão de barris por dia de diesel até agora neste
ano, o segundo maior exportador por via marítima do mundo, segundo dados da Vortexa. Trata-se de um volume imenso que o mercado pode perder num curto espaço de tempo – aproximadamente o suficiente para satisfazer toda a demanda da Alemanha. 

A perda dessa oferta e qualquer aumento posterior de preços não serão importantes apenas para os traders de petróleo e caminhoneiros. O diesel também é utilizado em navios e trens, bem como nos setores agrícola, industrial e de construção. Ou seja, alimenta vastas áreas da economia global. 

“Tudo se resume à duração”, disse Eugene Lindell, chefe de produtos refinados da consultoria FGE. 

A Rússia disse que a proibição temporária visa a atenuar o aumento dos preços de combustíveis em seu mercado, e absorver todos esses barris internamente pode ser um desafio. Parte pode ser armazenada, e as paralisações de manutenção das refinarias retardariam o ritmo de aumento dos estoques. 

Mas em algum momento o país terá de retomar as exportações ou reduzir a atividade das refinarias – o que pode gerar o risco de uma escassez interna de gasolina. 

“Mesmo que a proibição seja indefinida, não esperamos que dure muito”, disse Koen Wessels, analista de produtos petrolíferos da consultoria Energy Aspects. 

Embora a perda inesperada da oferta russa tenha proporcionado um impulso inicial de alta aos preços do diesel, os movimentos foram relativamente contidos, sugerindo algum ceticismo sobre o seu impacto de fato. 

No noroeste da Europa, o prêmio dos contratos futuros de referência do diesel em relação ao petróleo, conhecido como crack ICE Gasoil, subiu em reação ao anúncio, ultrapassando temporariamente os US$ 37 por barril e atingindo apenas a máxima em cinco dias, segundo dados compilados pela Bloomberg. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/09/22/impacto-dependera-de-duracao-do-veto.ghtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação