Dez candidatos foram inscritos na disputa para suceder a primeira-ministra Theresa May como líder do Partido Conservador, anunciou nesta segunda-feira (10) o Comitê 1922 do partido, que administra a votação.
Entre os candidatos estão o ex-chanceler e ex-prefeito de Londres Boris Johnson, seu sucessor no cargo, Jeremy Hunt; o secretário do Meio Ambiente, Michael Gove; o ex-secretário do brexit Dominic Raab; o secretário da Saúde, Matt Hancock, e o secretário do Interior, Sajid Javid.
Disputarão ainda o ministro do Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, a ex-secretária do Trabalho e da Previdência Esther McVey, a ex-líder da Câmara dos Deputados Andrea Leadsom e o deputado Mark Harper.
Um 11º candidato, Sam Gyimah, retirou sua candidatura pouco antes do anúncio afirmando não ter obtido apoio suficiente. Ele era o único que defendia a realização de um segundo referendo sobre o brexit, a saída britânica da União Europeia.
A primeira rodada de votação entre os 300 conservadores eleitos ocorre nesta quinta-feira (13). Sucessivas votações ocorrem até restarem apenas dois candidatos, que irão a voto então pela totalidade dos membros do partido (160 mil).
No dia 7 de junho, May confirmou sua renúncia da liderança do partido, o primeiro passo para ela deixar o comando do governo, marcado pelas indefinições sobre o brexit.
Ao iniciar a campanha nesta segunda-feira, dois dos principais adversários do ex-prefeito de Londres — Gove e Hunt — disseram que pretendem destacar sua “seriedade” em relação a Johnson, que cometeu uma série de gafes quando comandava a diplomacia britânica.
O próximo líder dos conservadores deverá dominar “a arte da negociação, não a arte da retórica vazia”, afirmou Hunt, em uma crítica indireta ao rival.
Durante o fim de semana, Hunt declarou estar “absolutamente seguro de que se adotarmos um bom enfoque sobre o tema, os europeus estariam dispostos a negociar”, com base em uma conversa que afirma ter mantido com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Os 27 países da UE reiteraram, no entanto, que não modificarão o acordo de saída da UE concluído em novembro entre Londres e Bruxelas, que foi rejeitado três vezes pelos deputados britânicos.
As tentativas de Gove de apresentar-se como alternativa confiável podem não vingar, depois que secretário admitiu que usou cocaína há mais de 20 anos.
Quase todos prometerem que conseguem solucionar a charada do brexit em meros três meses, entre a escolha do novo líder, no final de julho, e o prazo atual de saída de 31 de outubro.
“Sem o brexit, não haverá um governo conservador e talvez nem um Partido Conservador”, disse Hunt.
Raab, que deixou o governo por rejeitar o acordo de saída de May, disse que ele também poderia conseguir um novo pacto, mas prometeu que o Reino Unido deixará o bloco em 31 de outubro, mesmo que isso signifique regredir para os termos comerciais básicos da Organização Mundial do Comércio (OMC).
As diferenças entre os candidatos refletem a desunião dos conservadores na questão, o que significa que, três anos após 52% do país decidir pela ruptura com a UE, continua incerto como, quando ou até se esta ocorrerá.
A incerteza afetou a economia britânica, que encolheu 0,4% em abril, mostraram cifras oficiais nesta segunda-feira –um recuo maior do que qualquer economista previu em uma pesquisa realizada pela Reuters na semana passada.