Consumidor dos EUA paga mais caro e antecipa compras

Os grandes grupos varejistas americanos Walmart e Home Depot informaram ontem que houve uma aceleração no crescimento das vendas com a aproximação das festas de fim de ano, num sinal de que os consumidores estão dispostos a abrir suas carteiras diante da crescente pressão inflacionária. 

O Walmart, maior grupo varejista do mundo, elevou suas perspectivas financeiras pelo terceiro trimestre consecutivo, superando os gargalos nas cadeias de abastecimento para aumentar seus estoques e registrar vendas maiores que as antecipadas no período que antecede o Natal. 

As receitas trimestrais da Home Depot também superaram as expectativas de Wall Street, com o aumento dos preços das moradias encorajando os americanos a continuar investido em suas casas. O ímpeto continuou no início da temporada de fim de ano, com as vendas comparáveis em alta nas duas primeiras semanas de novembro, segundo disse o diretor financeiro Richard McPhail em uma teleconferência com analistas. 

Os resultados das duas maiores varejistas dos Estados Unidos ilustram a resiliência dos gastos do consumidor, mesmo com os compradores se deparando com preços maiores. 

Dados divulgados ontem pelo Census Bureau mostram que as vendas no varejo em outubro superaram as expectativas, com os consumidores e comerciantes procurando evitar possíveis problemas nos dias que antecedem o Natal. As vendas cresceram 1,7% em relação a setembro, em meio a ganhos para revendedores de automóveis, lojas de materiais de construção, postos de gasolina e varejistas de eletrônicos. 

As empresas têm reajustado vários produtos para compensar os custos mais altos nas cadeias de abastecimento, o que levou os preços ao consumidor a apresentarem a maior alta anualizada em três décadas em outubro. 

Muitos consumidores estão antecipando as compras de Natal em meio a alertas de que poderá ser difícil encontrar alguns produtos este ano por causa dos problemas nas cadeias de abastecimento. Varejistas estão com estoques baixos em algumas categorias, especialmente roupas, enquanto se preparam para o que se espera ser uma temporada recorde de vendas de fim de ano. 

O Walmart informou que fretou seus próprios navios e redirecionou as entregas para portos menos congestionados, para manter as mercadorias em movimento. Seus estoques nos EUA cresceram 11,5% no terceiro trimestre, indicando que as prateleiras estarão supridas no período das festas.

A Home Depot já recebeu a maior parte dos produtos que esperava para o quarto trimestre, embora haja cerca de 95 navios ancorados no litoral da Califórnia, segundo o diretor operacional da empresa, Ted Decker. 

As grandes lojas estão melhor posicionadas do que rivais menores para gerir atrasos no fornecimento, bem como a alta de preços dos produtos e o custo de colocá-los nas prateleiras, desde as taxas de envio até os salários nas lojas. 

Arun Sundaram, analista da CFRA Research, disse que o Walmart “está atravessando bem o difícil ambiente nas cadeias de abastecimento” e que o aumento de seus estoques nos EUA “deverá resultar em uma grande temporada de vendas de fim de ano”. 

As vendas comparáveis das lojas do Walmart nos EUA cresceram 9,2% nos três meses até o fim de outubro, sobre o mesmo período do ano passado, superando as previsões dos analistas de 7%. A receita total cresceu 4,2%, para US$ 140,5 bilhões, estimulada pela melhora do tráfego nas lojas e ganhos de participação de mercado no departamento de produtos de supermercado nos EUA. 

O lucro líquido do Walmart caiu 40% para US$ 3,1 bilhões no trimestre fiscal, em razão do aumento dos custos. Os lucros ajustados cresceram de US$ 1,34 por ação para US$ 1,45, superando as estimativas do mercado de US$ 1,40. 

O Walmart agora acredita que o crescimento das vendas comparáveis nos EUA para o ano como um todo ficará acima de 6%, maior que a expectativa anterior de 5% a 6%, juntamente com um ganho de cerca de 5% no trimestre das festas de fim de ano. O Walmart também prevê um lucro ajustado para o ano como um todo de US$ 6,40 por ação, em comparação à previsão anterior de US$ 6,20 a US$ 6,35. 

A Home Depot registrou um crescimento de 6,1% nas vendas comparáveis nos três meses encerrados em outubro, superando o aumento de 1,4% esperado pelos analistas. As receitas totais cresceram 9,8% para US$ 36,8 bilhões, com o lucro líquido batendo nos US$ 4,1 bilhões (US$ 3,92 por ação), em comparação aos US$ 3,4 bilhões (US$ 3,18 por ação) no mesmo período do ano passado. Os analistas esperavam um ganho por ação de US$ 3,40 sobre receitas de US$ 35 bilhões. 

Craig Menear, presidente do conselho de administração e executivo-chefe, disse que a Home Depot conseguiu atender à “elevada demanda por reformas domésticas que ainda persiste”. 

O crescimento do mercado de melhorias domésticas deu uma esfriada no terceiro trimestre, depois de um ano de grande sucesso para as vendas na área de bricolagem, alimentado pelos consumidores domésticos. A demanda revitalizada de empreiteiras e construtoras profissionais, que são responsáveis por uma grande parcela das receitas da Home Depot, ajudou o boom das reformas domésticas a persistir em 2021. (Tradução de Mario Zamarian) 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/11/17/consumidor-dos-eua-paga-mais-caro-e-antecipa-compras.ghtml

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