Com desaceleração, Pequim eleva apoio à economia

As autoridades chinesas decidiram expandir o apoio à economia do país, num momento em que a crise do mercado imobiliário ameaça reduzir o crescimento no próximo ano. 

O presidente Xi Jinping supervisionou uma reunião do Politburo do Partido Comunista ontem que sinalizou um afrouxamento das restrições ao setor imobiliário. O Politburo, que se reuniu antes da sessão econômica anual que fixará metas para o ano que em, prometeu estabilizar a economia em 2022. Isso ocorre em meio a um aperto de liquidez entre as incorporadoras que tem sacudido o mercado de bônus do país. 

Também ontem, o Banco do Povo da China (PBOC, o BC chinês) anunciou a redução da taxa do depósito compulsório em 0,5 ponto percentual na próxima semana, o que liberará 1,2 trilhão de yuans (US$ 188 bilhões) em liquidez. O premiê, Li Keqiang – que havia sinalizado a medida na semana passada -, disse na noite de ontem que a China tem espaço para usar uma série de instrumentos de política monetária, entre as quais reduzir o compulsório. 

“O ajuste de tom da política adotado pelo Politburo sinalizou claramente que a alta liderança reconheceu as pressões de desaceleração da economia”, escreveram os economistas do UBS Group liderado por Wang Tao. Embora o PBOC tenha “reafirmado uma posição inalterada ‘de prudência’ em política monetária, consideramos que o corte do compulsório emite um sinal claro de afrouxamento da política monetária”, acrescentaram. 

O país vai focar a estabilização das condições macroeconômicas, para garantir que a economia cresça em um ritmo razoável e que a sociedade permaneça tranquila antes do 20o Congresso do Partido Comunista Chinês no segundo semestre de 2022, disse o Politburo. 

O comunicado não incluiu a frase “casas são para morar, não para especular” – termos usados pelo Politburo em julho e também em um ensaio do vice-premiê, Liu He, divulgado em novembro. 

“O tom com relação ao setor residencial está mais suave”, escreveram economistas do Morgan Stanley liderados por Robin Xing. “Reiteramos nossa previsão de um crescimento do PIB superior ao consenso, de 5,5%, vendo uma clara mudança de política na direção de um afrouxamento contracíclico e uma fase mais institucionalizada de redefinição regulatória.” 

Mesmo o percentual de 5,5%, se se concretizar, será inferior ao crescimento de 6,7% do PIB registrado, em média, pela China no período de cinco anos encerrado no fim de 2019, antes do advento da covid. 

Embora o mais recente conjunto de dados econômicos industriais e de números mais amplos tenham revelado aprimoramento, o enrijecimento dos controles de Pequim sobre o mercado imobiliário levou a uma queda vertical da construção e agravou a crise de liquidez de empresas imobiliárias, entre as quais o controvertido China Evergrande Group. 

O corte do depósito compulsório é “um ato comum de política monetária”, disse o PBOC ontem, minimizando qualquer expectativa de que ele representaria o início de um ciclo de afrouxamento. “A direção prudente da política monetária não mudou”, disse o BC, acrescentando que “dará prosseguimento a uma política monetária normal, mantendo a estabilidade, a coerência e a sustentabilidade da política, e que não inundará a economia com estímulos”. 

A redução do compulsório valerá para todos os bancos, com exceção dos que já estão no nível mais baixo de 5%, que são, na maioria, pequenos bancos rurais. A medida diminuirá o custo de capitalização para instituições financeiras em cerca de 15 bilhões de yuans a cada ano, o que baixará o custo total do crédito na economia, disse o PBOC. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/12/07/com-desaceleracao-pequim-eleva-apoio-a-economia.ghtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação