Chineses levam produção ao México para vender aos EUA

Um imponente portão vermelho e prateado marca a entrada do Hofusan Industrial Park, localizado no meio do deserto no Estado de Nuevo León, no México, a cerca de duas horas e meia de carro da fronteira com os EUA. As obras estão aceleradas no local, com caminhões e guindastes em ação.

O projeto, estimado em US$ 1,2 bilhão, teve início em 2017, num esforço conjunto entre as companhias chinesas Holley Group e Futong Group, juntamente com um parceiro mexicano. Vinte empresas chinesas devem se instalar no local, dez das quais já começaram a produzir ali. O projeto incluirá restaurantes, hotéis e moradias.

O local não é o único do gênero. Os investimentos chineses diretos no México atingiram um recorde em 2021, à medida que mais fabricantes se estabeleceram do outro lado da fronteira com os EUA para fugir das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.

Empresas baseadas na China continental e Hong Kong investiram US$ 606,3 milhões no México em 2021, um aumento de 76% em relação a 2020 e o maior número desde o início do levantamento, em 1999, segundo relatório da Secretaria de Economia do México. Isso faz da China o nono maior investidor no México, logo atrás da Coreia do Sul.

Grande parte desse dinheiro tem como alvo a região norte, perto da fronteira com os EUA. Dezoito negócios foram anunciados em Nuevo León em 2021, comparados a sete em 2020 e apenas um ou dois por ano entre 2025 e 2018, segundo o governo estadual.

O México atraiu investimentos de 1.289 empresas chinesas até 2022. Pequim tornou-se o segundo maior parceiro de importação do México, perdendo só para os EUA, diz a Secretaria da Economia.

O valor das exportações da China para o México foi de US$ 101 bilhões em 2021, um aumento de 50% em relação a cinco anos atrás e se aproximando de metade do que os EUA exportam para o México. O valor das exportações do México para os EUA somou US$ 398,9 bilhões.

A tendência decorre da guerra comercial entre os EUA e a China. O governo do ex-presidente Trump impôs tarifas adicionais de até 25% sobre um grande número de produtos chineses, começando em julho de 2018. A China retaliou aumentando tarifas sobre produtos americanos mais de cinco vezes, para uma média de 19,3% segundo o Peterson Institute. for International Economics dos EUA.

Muitas das companhias chinesas que estão investindo no México são fabricantes de eletrodomésticos e móveis. Em 2018, os EUA aplicaram uma tarifa adicional de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses — incluindo refrigeradores, aparelhos de 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/08/16/fabricas-chinesas-migram-para-o-mexico-a-fim-de-evitar-tarifas-nos-eua.ghtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação