A Amazon acertou a compra da MGM, o célebre estúdio de filmes por trás de James Bond e Rocky, por US$ 8,45 bilhões, um negócio que eleva a quantia das fusões e aquisições anunciadas em 2021 no setor de mídia como um todo para mais de US$ 240 bilhões, o maior desde a virada do século.
A transação da gigante do comércio eletrônico, sua maior aquisição até hoje no setor de mídia, segue-se à decisão da AT&T neste mês de combinar a WarnerMedia e a Discovery para criar um grupo de TV e de filmes com valor de empresa de mais de US$ 130 bilhões. O grupo combinado espera concorrer contra a Disney, a Netflix e a Amazon na corrida do streaming.
A compra da MGM é a maior da Amazon desde a da rede varejista Whole Foods por US$ 13,7 bilhões, em 2017, e é mais um sinal de que a empresa está disposta a gastar alto em conteúdo para incrementar seu serviço de streaming. Neste ano, a Amazon assinou acordo no valor de US$ 1 bilhão por ano para exibir jogos da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, uma de suas várias aquisições recentes de direitos esportivos.
“O verdadeiro valor financeiro por trás desta transação é a arca do tesouro de propriedade intelectual do grande catálogo [de filmes da MGM], que pretendemos reinventar e desenvolver juntos com a talentosa equipe da MGM”, disse o vice- presidente sênior da Prime Video e da Amazon Studios, Mike Hopkins, em comunicado hoje. “É muito animador e traz muitíssimas oportunidades para contar histórias de alta qualidade.”
A Amazon gastou US$ 11 bilhões em conteúdo em 2020, acima dos US$ 7,8 bilhões do ano anterior, aumentando a aposta para atrair e manter novos membros em seu serviço Prime de streaming, de US$ 119 por ano.
Em recente carta aos acionistas, o CEO da Amazon, Jeff Bezos, disse que atualmente o serviço tem mais de 200 milhões de assinantes. Em informe separado, a empresa destacou que 175 milhões deles haviam assistido aos seus conteúdos nos últimos 12 meses.
O valor das fusões e aquisições anunciadas no setor de mídia em 2021 é o maior desde 2000 e 640% superior ao do mesmo período de 2020, segundo dados da Refinitiv.
A enxurrada de fusões e aquisições é impulsionada por grupos de tecnologia, emissoras de TV e empresas de entretenimento, que reforçam sua área de conteúdo para atrair assinantes aos seus serviços de streaming. Disney, Apple, WarnerMedia, Comcast e Discovery estão entre as empresas que lançaram plataformas de streaming nos últimos 18 meses.
De acordo com fontes a par das negociações, Apple e Comcast também concorriam pela compra da MGM, que é controlada pelo fundo hedge americano Anchorage Capital e por um consórcio de investidores financeiros. A Amazon ganhou porque estava disposta a pagar cerca de US$ 3 bilhões a mais do que a oferta rival mais próxima, disseram as fontes.
“Concorrentes do streaming vêm usando as fusões e aquisições para ampliar sua escala e ficar mais bem posicionados para criar e adquirir conteúdo exclusivo, que é crucial para ter assinantes”, disse o cochefe de fusões e aquisições do JPMorgan para a América do Norte, Marco Caggiano.
As aquisições no setor vêm sendo alimentadas, em parte, pelo fracasso de grupos de telecomunicações, como a AT&T e a Verizon, que tentaram, sem sucesso, erigir conglomerados integrados de conteúdo e distribuição. A AT&T anunciou que vai se separar da WarnerMedia (dona da CNN, HBO e Warner Bros), cuja compra, por US$ 85,4 bilhões, foi anunciada há cinco anos. Em fevereiro, a AT&T também vendeu 30% na DirecTV para o grupo de private equity americano TPG, negócio que conferiu um valor total de US$ 16,25 bilhões para o problemático grupo de TV por assinatura – cerca de 35% do que a AT&T pagara há seis anos.
A operadora de telecomunicações Verizon está vendendo a Yahoo e outros ativos de mídia à Apollo Global Management por US$ 5 bilhões, apenas cinco anos depois de ter gasto US$ 9 bilhões para agrupar esses ativos de conteúdo, incluindo o site digital “Huffington Post”
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/05/27/busca-por-conteudo-movimenta-us-240-bi.ghtml
