Edmir Kuazaqui
Gary Hamel afirmou que uma empresa dinâmica não usa princípios tradicionais para resolver problemas novos. A grande questão é que grande parte das empresas não conhece plenamente tais princípios e então como aplicar nos novos problemas? Tem-se um recorte a partir da visão do gestor e de suas experiências anteriores. Faz lembrar uma pesquisa realizada após o lançamento do filme Tróia, onde se perguntava quem era o maior ator da história do cinema e Brad Pitt ganhou o título. Nada contra o ator, mas nomes como Marlon Brando, Dustin Hoffman e Lawrence Olivier contribuíram mais para a sétima arte, considerando um recorte histórico maior. Aliás, o ator concorreu três vezes aos Oscar de melhor ator, aprendeu e finalmente recebeu a estatueta como produtor do filme “12 anos de escravidão”. Desta forma, trata-se de um recorte de curto prazo e sem foco. Este recorte por parte do pode ser influenciado por modismos vendidos pela mídia como verdadeiros remédios para as doenças crônicas das empresas e principalmente daqueles que as gerenciam, ávidos por resultados financeiros de curto prazo e que podem trazer até consequências positivas pelas mudanças, mas não efetivamente pelas transformações profundas decorrentes da implantação da gestão de indicadores de desempenho, por exemplo, principalmente se referindo ao nível de satisfação do mercado e resultados.
C.K.Prahalad afirmou que “o primeiro motivo para crescer é a busca do aperfeiçoamento contínuo. Além desse, crescer ajuda a convencer que a cultura interna é vibrante e envolvente e atrai jovens talentosos”. Esta não é simplesmente uma frase de efeito, mas que tem todo um alicerce teórico e prático contemporâneo, no sentido do desenvolvimento contínuo do conhecimento pela captação e compreensão de competências humanas que levem a uma integridade cultural. Esta integridade deve ser consistente e que propicie insights que levem à criatividade e a inovação. Para tanto, os pensamentos divergentes são essenciais para que a empresa não entre numa busca rotineira pela busca de seu crescimento, mas que diferentes pontos de vista possam ser incorporados na sua gestão e que resulte em desenvolvimento sustentável. Como bom exemplo, empresas que migram para mercados internacionais incorporam técnicas e práticas diferenciadas, tendo inclusive de se adaptarem os diferentes desafios decorrentes da internacionalização. Albrecht amplia a discussão da necessidade da inteligência social no sentido de desenvolvimento sustentável.
Kotler afirmou que “sem qualidade elevada e bom serviço, a empresa está fadada ao fracasso. Com qualidade elevada e bom serviço, não terá necessariamente sucesso”, pois algumas empresas se perdem em controle de processos e com visão de dentro para fora, por vezes equivocadamente achando que estão prestando serviços essenciais de alta qualidade, como os bancos, por exemplo, que fornecem serviços telefônicos que visam uma personalização de dados da conta do correntista mas que na verdade são fruto da massificação tecnológica (ligue 1, 2, 3 …). Martha Rodgers já discutiu o assunto da mediocridade da personalização em massa. Por outro lado, empresas se equivocam em seus diferenciais competitivos. Em consultoria, os proprietários de um grande restaurante na cidade de São Paulo estão muito mais preocupados nos tablets que substituem os cardápios impressos do que a qualidade da comida servida, que pode ser considerada de média qualidade mas com preço relativamente alto.
Oliveira discute a importância das empresas sob a ótica da responsabilidade social. Conclui que a importância das empresas dentro do contexto desta responsabilidade reside no simples fatos delas existirem, de tornar disponível produtos e serviços, de gerar empregos e impostos para sociedade. De forma transversal, Srour amplia a discussão sob o ponto de vista da ética pessoal e corporativa, limitando possíveis ações da empresa que podem ser consideradas perniciosas para a sociedade.
Repetindo um termo que escutei na ESPM, o importante não é achar remédios milagrosos para problemas novos ou mesmo tradicionais das empresas que, por vezes, são simples sintomas de doenças maiores. A essência é diagnosticar e identificar com clareza o problema e aplicar as “pílulas de sabedoria” no sentido de erradicar de vez a doença. Por falar nisso, você já leu e aplicou os conteúdos dos autores citados neste pequeno ensaio?