Um terço das famílias não tem conta em banco. E compram fiado…

Conta em banco é algo tão popular no Brasil quanto, por exemplo, uso do celular? Neste ponto, alcançar a todos, os bancos falharam: as instituições financeiras ainda não conseguiram atingir cerca de 30% das famílias brasileiras. Em outras palavras: uma de cada três famílias não tem conta em banco, literalmente, estão à margem do sistema financeiro.

A pesquisa da Bankable Frontier Associates, com resultados analisados pela Fundação Getulio Vargas, apontou que parte desta exclusão está vinculada a problemas de renda. Mas, não é a única causa; parcela considerável dessa lacuna pode também estar relacionada a uma desconfiança mútua. Se o banco não forma vínculos, emprestando dinheiro, por exemplo, porque tem medo de calote, parte considerável da população alimenta forte desconfiança em relação ao sistema financeiro.

A tão comentada confiabilidade da caderneta de poupança, como mostrou matéria do estadão de 19/01, pg B10, não aparece na pesquisa: a conta poupança atinge apenas 34% da população enquanto a previdência alcança 26%. Os responsáveis pela análise dos dados da pesquisa ponderaram que parte da população prefere investir em minúsculas oportunidades junto a pessoas que confia, ou simplesmente, guardar o que poupa “debaixo do colchão”.

A consultoria CDE, especializada em consumo de baixa renda, mostrou a vulnerabilidade dessas decisões: é comum as pessoas mudarem de faixa de renda , tanto para cima como para baixo, em pouco meses. Como planejamento financeiro e poupança não estão consolidados, não é incomum o registro de famílias que estão na Classe C em janeiro e caem para E, em maio…

Os bancos procuraram estabelecer conexão com estas camadas mais resistentes aos serviços financeiros abrindo opções de uso mais próximas deles, como a oferta do chamado “correspondente bancário”, pequenos estabelecimentos ou lotéricas que se transformam em pontos de atendimento de serviço bancário. O fato, porém, como também mostrou a pesquisa, é que o uso dessa alternativa é bem definido: 92% deste uso é para pagamento de contas e 309% para saque de benefícios governamentais. O restante do uso dos típicos serviços bancários nestes pontos tem incidência muito pequena e irregular.

Os bancos estão esperançosos de que o aparelho celular, algo tão disseminado no Brasil, possa se transformar em nova fronteira de inclusão financeira. A intenção é facilitar ao máximo o processo de pagamento de contas pelo celular, para que vínculos de confiança se estabeleçam. A conferir…

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