A tv aberta perde audiência no mundo inteiro. Não é diferente no Brasil: em 2012, entre 7 e a meia-noite, conforme dados do Ibope, o total de aparelhos ligados recuou de 42,7% para 40,1%. Esse número não quer dizer que o resto dos aparelhos estava desligado. Apenas, podia não estar ligado à tv aberta. Nos EUA, o dado é semelhante com um agravante: a audiência lá, constatado e reconhecido pelas 4 redes nacionais, envelheceu. E muito.
Mas, o que acontece com a tv aberta? O artigo do Renato Cruz, publicado no Estadão de 13/01, pg B9, dá boas pistas de respostas. A primeira é essencial: tv aberta enfrenta forte ciclo de inovações tecnológicas, como quase tudo. Um aparelho de tv analógica podia durar mais de dez anos., isso acabou: tv entrou no mesmo ritmo de evolução dos microcomputadores. Quem melhor mostrou esta realidade foi a Consumer Electronics Show, de Las Vegas. A maior atração foi a tecnologia Oled, telas bem mais finas, melhor nitidez e menos consumo de energia. Televisões curvas apareceram, como tela de cinema. As tvs de 4K, quatro vezes mais resolução, foram as estrelas, superando a alta definição atual.
Agora, melhorar a imagem, não explica o recuo da audiência da tv aberta. O artigo mostra que o problema está na revolução digital da tv. Ver o programa que quiser, na hora que quiser é a questão. E isto quer dizer que mudou, ou está em plena mudança, a forma como as pessoas assistem tv.
Esse é o ponto. Caiu a barreira tecnológica que limitava a transmissão personalizada de programação. Não tem mais sentido ver o programa que a emissora quer, na hora que ela quer. Enquanto transmissão de imagem e som de tv aberta era “bem escasso” a programação foi estruturada para tirar melhor proveito dessa escassez. O que a feira de Las Vegas escancarou é que essa era está no fim. Ou, para usar um pedaço da frase célebre está “no começo do fim”.
Aliás, especialistas insistem que a verdadeira ameaça à tv como nós a entendemos até agora está nos serviços “over the top”, ou seja, serviços de vídeo via internet, os Netflix ou You Tube da vida. Quanto mais a infraestrutura de banda larga avançar, mais uma distribuição cada vez mais livre de conteúdo vai crescer.
A mudança nos aparelhos é só a parte mais visível da nova era tecnológica no que diz respeito a ver televisão. A feira de Las Vegas fez exatamente isso: mostrou a tendência. Não quer dizer que definiu para onde vai o futuro da tv. Mostrou alguns dos aparelho em que esse futuro vai passar. O que quer dizer que deu muitas pistas para quem deve pensar no assunto, Inclusive quem lida com o que paga a existência da tv, o anunciante e a visibilidade do seu produto.