Tristeza e Consumo. Na “miopia” da fase ruim não gaste. Nem invista.

Quando as empresas de cartões de crédito norte-americanas descobrem que o cliente se divorciou, elas rapidamente cortam o limite do crédito. As operadoras de cartões conseguem fazer isso porque comparam dados pessoais o tempo todo – prática legal no país – e levam bem a sério o status de relacionamento para “solteiro” nas redes sociais. O motivo vem da experiência: conforme a faixa etária, os cartões já sabem quando, depois da separação, irão começar os problemas para pagar as dívidas feitas.

Essa relação entre tristeza e consumo – e os problemas do desequilíbrio no segundo – virou preocupação de muitas pesquisas, principalmente acadêmicas. O motivo é claro: tristeza tem custo. As Universidades de Harvard e Colúmbia estão na frente nesses estudos. Matéria na  edição do Valor Econômico de hoje , pags E 5/7,  avançou na frase de Ye Li, professora na Universidade da Califórnia: “uma pessoa triste, não é necessariamente uma pessoa sábia quando se tratam de escolhas financeiras”.  Li integra o Centro de Estudos sobre Ciência da Decisão da Universidade de Colúmbia e foi categórica: “pessoas tristes são mais impacientes e frequentemente irracionais”.

Elke U. Weber, diretora do Centro de Ciência da Decisão de Harward, botou os pingos nos is dessa percepção a criar o conceito “miopia da tristeza”. Weber percebeu que existe um preconceito momentâneo que leva as pessoas a “ignorar ganhos maiores” em troca de “satisfação imediata”. Claro, por outras razões, e aí entra a “miopia da tristeza”. O ponto central é: o gasto em si recebe mais atenção do o eventual benefício que possa gerar. A professora australiana, Nitika Garg, resumiu a situação em seu estudo com esse título bem objetivo “Tristeza e Consumo”.

Há um ponto essencial nessa história da mistura entre estar triste comprar sem limites: não é processo consciente. E não faz “nenhum sentido à luz da lógica” como ressaltam todos os estudos. Há uma pista: como estão muito pessimistas sobre o futuro, os tristes querem obter as coisas o mais cedo possível.

Desde o começo do XIX até a metade do século XX, muita gente achava que a tristeza era antídoto para o otimismo exagerado e continha a ação por impulso. Essas pesquisas sobre decisão provaram que não é bem desse modo. O mercado financeiro está muito interessado nesse tema: eles querem entender o “efeito manda”. É o momento em que todos os investidores em ações correm todos para o mesmo lado, vendendo tudo sem pensar ou comprando qualquer coisa, a qualquer preço, como loucos. Euforia, ganância, pânico, movem essas decisões. O que os pesquisadores perceberam é que os tristes agem desse modo. Especialmente divorciados, o que preocupou muito operadores de cartões de crédito.

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