Suíça rejeita limitar empregos a cidadãos da União Europeia

Os eleitores na Suíça rejeitaram veementemente a proposta de um partido nacionalista de limitar o número de cidadãos da União Europeia autorizados a viver e trabalhar em seu país. 

A emissora pública suíça SRF informou, com base em uma contagem parcial, que a medida foi rejeitada por 61,3% dos eleitores, com 38,7% a favor. A grande maioria dos 26 estados do país também rejeitou o plano proposto pelo Partido do Povo Suíço de dar acesso preferencial a empregos, proteção social e benefícios aos suíços em relação aos cidadãos do bloco de 27 nações que o rodeia. 

O governo havia alertado que, se aprovada, a medida poderia ter prejudicado ainda mais os laços profundos e lucrativos do rico país com a União Europeia, da qual não é membro. A decisão também poderia gerar desvantagens para milhões de cidadãos suíços que desejarem viver ou trabalhar na UE. 

Aproximadamente 1,4 milhão de cidadãos da UE vivem no país de cerca de 8,6 milhões de habitantes, enquanto cerca de 500 mil suíços vivem em países da UE. 

Em um referendo semelhante em 2014, os suíços votaram por pouco a favor da limitação do acesso dos cidadãos da UE a viver e trabalhar na Suíça. Os legisladores, no entanto, se recusaram a implementar totalmente o referendo temendo um forte impacto na sociedade e nas empresas suíças, o que levou o Partido do Povo a colocar o assunto de volta nas urnas novamente este ano. 

Desde a última votação, a Suíça testemunhou a turbulência que o Brexit, referendo britânico de 2016 para deixar a União Europeia, causou especialmente para os cidadãos da UE no Reino Unido e britânicos que vivem no continente. A Grã- Bretanha deixou a UE em janeiro, mas está em um período de transição até o final do ano com as perspectivas de um acordo sobre as relações futuras entre Londres e Bruxelas ainda incertas. 

O eleitor Yann Grote, em Genebra, disse que não aprovava novas limitações à liberdade de movimento. “Não sou nada a favor, e ainda mais agora, porque não é o momento de isolar a Suíça”, disse ele. 

A eleitora Elisabeth Lopes concordou. “Sou filha de imigrantes, então é um assunto que me toca”, disse ela. “Se a Suíça tivesse que retirar ou reduzir esses acordos [com a UE], acho que seríamos os verdadeiros perdedores.” 

A medida de liberdade de movimento estava sendo considerada juntamente com as votações nacionais em várias outras questões. 

A SRF informou que a maioria dos eleitores apoiou um plano de licença paternidade remunerada.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/09/27/sua-rejeita-plano-para-limitar-empregos-a-cidados-da-unio-europeia.ghtml

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