Spotify faz acordo bilionário com gravadoras

O Spotify comprometeu-se a pagar bilhões de euros em receita às gravadoras de música em troca de descontos para elevar suas margens de lucro, após registrar aumento no prejuízo de 2016.
Líder em serviços de transmissão de músicas digitais, a empresa viu a receita subir 50%, para €2,9 bilhões, após convencer mais pessoas a pagar pelo acesso a seu acervo de 30 milhões de músicas.
A empresa, no entanto, tem prejuízos sucessivos e ainda paga a maior parte da receita para as gravadoras em troca do uso de suas obras, o que evidencia o desafio econômico dos serviços de “streaming” de músicas digitais. O prejuízo líquido do Spotify mais que dobrou, enquanto as taxas de direitos autorais e distribuição subiram 49%, para € 2,48 bilhões, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Anna Nicolaou, publicada no Valor de 16/06.
Em abril, o Spotify assinou acordo de licenciamento com a Universal Music Group (UMG), maior gravadora do mundo e também sua maior fornecedora, para pagar uma taxa menor de direitos autorais. Mais detalhes do acordo foram revelados ontem, em documentos enviados às autoridades de regulamentação: o Spotify comprometeu-se a pagar um valor mínimo de € 2 bilhões às gravadoras nos próximos dois anos.
A base do negócio é assegurar às gravadoras que vão receber receitas garantidas, segundo fontes a par do assunto. Em troca, as gravadoras concordam em receber do Spotify taxas de direitos autorais mais baixas. O negócio com a UMG inclui concessões, como metas de crescimento no número de usuários que o Spotify deve atingir e a condição de que alguns lançamentos só estejam disponíveis a clientes pagantes, segundo as fontes.
À medida que avança rumo à abertura de capital, o Spotify busca convencer investidores de que pode traduzir o forte crescimento no número de usuários em um negócio sustentável.
Em seu balanço, o Spotify anunciou aumento no prejuízo líquido para € 539 milhões em 2016, ante resultado negativo de € 231 milhões registrado em 2015. O prejuízo deve-se principalmente ao “custo com dívidas e ao impacto do câmbio”, informou o Spotify.
“Acreditamos que estamos apenas no começo de uma oportunidade de mercado muito maior” e que com aumentos na “escala nossas margens [de lucro] vão melhorar”, destacou a empresa.
Em 2016, o Spotify levantou US$ 1 bilhão da TPG, do Goldman Sachs e da Dragoneer, por meio de títulos de dívidas conversíveis em ações para financiar sua expansão internacional. Em 2015, a empresa vendeu uma participação que implicava um valor total de US$ 8,5 bilhões para a empresa.
O Spotify contratou o Morgan Stanley, o Goldman Sachs e a Allen & Co. para assessorá-la na abertura de capital na bolsa de Nova York. A empresa estuda listar suas ações diretamente as ações na bolsa, em vez da oferta pública tradicional, segundo fontes a par dos planos.
O Spotify também anunciou ter chegado a 140 milhões de clientes no mundo, ampliando a liderança no mercado de músicas digitais em relação a rivais, como Apple e Amazon. “O ‘streaming’ é um mercado emergente, o que dificulta prever nossas perspectivas atuais e futuras”, segundo o Spotify.

A empresa tem assinado licenciamentos de longo prazo para tentar ter uma base financeira mais sólida. O Spotify chegou a acordo com a UMG e a rede de selos musicais independentes Merlin. Ainda negocia com a Sony Music e a Warner Music, que não estão incluídas nas garantias de receita de € 2 bilhões.

Comentários estão desabilitados para essa publicação