A confusão aumentou. O banco central da Grécia tomou uma atitude incomum e colocou-se contra o governo na disputa com credores do pacote de socorro ao país, ao recomendar aos líderes gregos que assinem um acordo proposto há duas semanas ou, caso contrário, arriscam-se a ter uma “crise incontrolável” que poderia tirar Atenas da União Europeia.
As declarações sem precedentes, divulgadas ontem como parte de um informe do Banco da Grécia (o BC grego), marcam a primeira vez em que uma autoridade nacional levanta a possibilidade de saída da Grécia do bloco de 28 países, ao qual se juntou em 1981, sete anos depois da restauração da democracia, como mostrou material do Financial Times, assinada por Peter Spiegel, publicada no Valor de 18/6, pg A 13.
As declarações também representam um duro golpe contra os esforços do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, durante a última semana, de arregimentar apoio interno para a sua estratégia arriscada em relação aos credores, a quem ele acusa de “pilhar” a Grécia e de “responsabilidade criminosa” pelos problemas econômicos do país.
“O Banco da Grécia acredita firmemente que chegar a um acordo com nossos parceiros é um imperativo histórico que não podemos nos permitir ignorar”, escreveu o BC no seu informe. “A partir de todas as evidências disponíveis até agora, parece que um compromisso foi alcançado […] e que falta pouco terreno a percorrer.”
A menos que a Grécia concorde até este fim de semana com as reformas econômicas pedidas pelos credores (principalmente um superávit primário maior e corte de gastos públicos), autoridades acreditam que o tempo vai se esgotar para Atenas receber os € 7,2 bilhões restantes do auxílio financeiro ao país, tão desesperadamente necessários, antes que o programa expire, em duas semanas.