A Samsung Electronics ganhou um contrato de US$ 16,5 bilhões para produzir os chips de inteligência artificial (IA) personalizados da próxima geração para aTesla, o que aumenta as esperanças de que a gigante tecnológica sul-coreana consiga revigorar suas problemáticas operações de produção de chips para terceiros.
O contrato de oito anos, anunciado pela Samsung em documentação formal às autoridades reguladoras e confirmado pelo executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, nesta segunda-feira (28), é o maior negócio de um único cliente conquistado pela unidade de chips da Samsung. O valor representa 7,6% da receita da empresa em 2024. As ações da Samsung subiram 6% com a notícia.
Musk escreveu em sua plataforma social on-line X que a Samsung produzirá a próxima geração de chips AI6 para a Tesla na nova fábrica da empresa sul-coreana no Estado americano do Texas, como parte de um investimento de US$ 40 bilhões feito com ajuda de subsídios da Lei da Ciência e Chips, do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden.
O chip personalizado será usado para equipar as tecnologias de direção autônoma e de robôs humanoides da Tesla. Na semana passada, Musk destacou em teleconferência sobre os resultados da montadora ter a esperança de que o AI6 também possa ser usado em bancos de dados para treinar os modelos de inteligência artificial baseados em vídeo da Tesla. Isso permitiria à empresa depender menos das unidades de processamento gráfico de uso geral, como as produzidas pela Nvidia e AMD.
Musk disse que a Samsung “aceitou permitir à Tesla ajudar a maximizar a eficiência da produção” e que ele “acompanhará pessoalmente o processo para acelerar o progresso”.
“A fábrica convenientemente não fica longe da minha casa”, brincou Musk, acrescentando que “qualquer superlativo é pouco para aimportância estratégica” do contrato. Depois, ele publicou que o valor de US$ 16,5 bilhões é “apenas o mínimo”. “A produção de fato, provavelmente, será muitas vezes maior”, disse o magnata.
O anúncio representa uma grande vitória para a Samsung. A fabricante tenta arrebatar participação no mercado de fundição de chips da líder mundial TSMC, parceira da Tesla na produção do chip AI5, que deve entrar em produção em grande escala mais para o fim de 2025.
A Samsung adiou para 2026 o início das operações em sua fábrica de chips de 2 nanômetros no Texas, uma vez que encontrava dificuldades para convencer grandes clientes a abandonar a TSMC, que também construiu fábricas nos EUA.
Analistas do banco de investimento Macquarie advertiram em 2024 que a fábrica de US$ 17 bilhões da Samsung poderia se tornar um “grande ativo encalhado”, dada a falta de grandes clientes. O negócio de chips para terceiros da empresa sul-coreana teve um prejuízo operacional de 4 trilhões de wons sul-coreanos (US$ 3 bilhões) no primeiro semestre de 2025.
A Samsung também sofre para manter o passo na corrida para produzir chips de memória avançados para sistemas de inteligência artificial.
A empresa, que divulgará seus resultados completos do segundo trimestre na quinta-feira (31), estimou em julho que o lucro operacional teve uma queda de 56% em comparação ao mesmo período de 2024, afetado pelas restrições dos Estados Unidos à China e por falhas em testes de desempenho para fornecer produtos de memória avançados à Nvidia. Kim Yang-paeng, pesquisador do Instituto de Comércio Exterior e Economia Industrial da Coreia do Sul (Kiet, na sigla em inglês), disse que o acordo com a Tesla ajudará a Samsung a melhorar seu rendimentona produção (o percentual de chips utilizáveis produzidos por lâmina de silício) e ampliar sua base de clientes.
“Ganhar um pedido grande de uma empresa global pode levar outras gigantes de tecnologia a considerar a Samsung como alternativa à TSMC”, disse.
Alguns analistas questionam se o acordo acabará se mostrando lucrativo para a Samsung e ressaltam seus problemas para aumentar a produtividade no Texas, assim como a possibilidade de que a empresa tenha oferecido condições generosas demais para atrair a Tesla.
No entanto, Daniel Kim, do Macquarie, disse que o acordo “ainda é significativo, independentemente da lucratividade, uma vez que permitirá à Samsung iniciar as operações no Texas e ganhar experiência com sua tecnologia de 2 nanômetros”. (Tradução de Sabino Ahumada)
