A questão não é só preço. É com quem foi feito o negócio. China e Rússia assinaram ontem um acordo de US$ 400 bilhões para fornecimento de gás, assegurando ao maior consumidor de energia do mundo uma fonte mais limpa. Por outro lado, abre novo mercado para Moscou, que está sob risco de perder clientes europeus por conta da crise na Ucrânia.
O acordo, com duração de 30 anos, é trunfo político para o presidente russo, Vladimir Putin, que está buscando parceiros na Ásia, como mostrou matéria do estadão, na edição de 22/05, pg B11.
Mas, do ponto de vista comercial, muito depende dos preços e de outros termos não revelados do contrato, que levou mais de uma década para ser fechado. “Este é o maior contrato da história do setor de gás da ex-União Soviética”, disse Putin, após a assinatura do acordo com seu colega Xi Jinping, em Xangai, entre as estatais Gazprom e China National Petroleum Corp (CNPC).
O presidente da Gazprom, Alexei Miller, não comentou os termos do acordo, mas fontes de companhias envolvidas disseram que a Gazprom recusou valor abaixo de US$ 350 por mil metros cúbicos. Isso se comprara com o intervalo de preços entre US$ 350 e US$ 380 que a maior parte dos europeus paga em contratos de longo prazo assinados nos últimos anos.
O acordo para fornecimento de gás da Rússia para a China prevê investimentos russos de US$ 55 bilhões, enquanto os investimentos chineses somarão US$ 20 bilhões. A Rússia investirá em dois campos de gás siberianos, Kovykta e Chayanda, e começará a construção do maior oleoduto do mundo.