Robôs agregam funções ao WhatsApp

Já faz alguns anos que aplicativos que respondem perguntas com respostas predeterminadas fazem sucesso na internet. O Robô Ed e o aplicativo SimSimi estão entre os mais populares. Criados em 2008 e 2013, respectivamente, eles respondem perguntas sobre vários assuntos ou fazem piadas. Os robôs do WhatsApp vão além. Eles compreendem o texto de mensagens e realizam atividades úteis.

O Max foi um dos primeiros a surgir. Após adicionar o número do robô em um grupo qualquer, basta enviar a palavra “Evento em” seguida da data e horário para que o Max comece a trabalhar. Quem quiser participar, envia a palavra “Dentro” – o robô contabiliza o número de pessoas e envia um resumo a cada atualização. Caso não queira participar, basta enviar a palavra “Fora”. Se tiver dúvidas sobre os comandos, digite “Ajuda” e ele enviará uma lista com as instruções, como mostrou artigo do estadão de 22/02.

“Um robô de WhatsApp que entende o que as pessoas querem evita que elas precisem sair do aplicativo. É isso que tem atraído os usuários”, diz o analista em tecnologia da Gartner, Adam Preset. O robô Max, que está disponível em português, tem se popularizado no Brasil. “Conheci o Max em um grupo de faculdade e já comecei a usá-lo em outros que participo”, diz o estudante Ricardo Freitas, 21 anos. “Achei muito prático.”

O Max, entretanto, não é o único no universo de robôs de WhatsApp. Em dezembro do ano passado, os desenvolvedores Pierre Becerril, Nil Sanz e Camille Zittoun criaram o WhatsBot em Londres, no Reino Unido. Ele analisa a localização de todos os integrantes de um grupo no aplicativo e sugere um local no meio do caminho para que as pessoas se encontrem. Contudo, apenas 24 horas após o lançamento, o aplicativo parou de funcionar: ele foi banido pelo WhatsApp.

Os simpáticos robôs travam uma batalha silenciosa com o WhatsApp, que tem expulsado os serviços da plataforma ao bloquear os números de celular que eles utilizam para funcionar. O Max é o único robô que continua a funcionar, mas troca de número quase que diariamente. Procurados, WhatsApp e Max não comentaram a relação turbulenta.

Em vista de tamanho trabalho para se manter no ar, o projeto do WhatsBot foi abandonado por seus criadores. “O WhatsApp tem alguns sistemas automáticos para identificar um robô e bani-lo automaticamente”, conta Becerril, em entrevista ao Estado. “O aplicativo é muito sensível às mudanças.”

O grande motivo da perseguição do WhatsApp aos robôs é a preocupação com a segurança, já que a presença de um “intruso” nas conversas leva ao armazenamento de informações pessoais dos usuários por terceiros. Para garantir a privacidade dos usuários, o próprio WhatsApp afirma apagar as mensagens de seus servidores assim que elas são entregues ao destinatário. “Muitos desses serviços são de startups que ninguém nunca ouviu falar”, diz o analista de tecnologia da consultoria americana Forrester, Thomas Husson.

O robô Max tem termos de uso nebulosos. A empresa afirma que o serviço coleta informações como números de telefone, fotos, vídeos, registros de localização e até o histórico de conversas do grupo no qual está inserido, mas que essas informações são criptografadas.

“Se você usar um robô que pode acessar seus dados pessoais, você pode não estar ciente de que as informações podem ser transferidas para fora do WhatsApp”, comenta Preset, da consultoria Gartner.

Um dos criadores do WhatsBot, Nil Sanz admite que o robô armazena dados dos usuários fora do WhatsApp. “Algumas estatísticas podem ser extraídas para melhorar as funcionalidades do sistema.”

Outro motivo para a resistência do WhatsApp a aplicações de terceiros pode estar relacionado a planos de oferecer um assistente pessoal próprio. “O Facebook é dono do WhatsApp e já oferece o M, um assistente virtual que você pode usar através do Messenger” diz Preset, do Gartner. Atualmente, o aplicativo de assistente pessoal do Facebook está em testes apenas para usuários do serviço em São Francisco, nos Estados Unidos.

Num futuro próximo, os robôs devem invadir outros aplicativos de mensagens, como o Telegram, que ganhou notoriedade no Brasil no fim do ano passado, durante o período em que o WhatsApp ficou bloqueado.

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