Quem avisa amigo é: tem crise também nos países emergentes.

Os países que dependem de exportações devem, literalmente, “botar as barbas de molho”.  Depender de exportação quer dizer depender da vontade ou das possibilidades dos demais em comprar seus produtos. O alerta foi feito de forma generalizada pelo Bank of International Settlements, o BIS,  que é sempre apresentado como o banco central dos bancos centrais.

Esses ”banqueiros mundiais” avisaram que há um “fracasso coletivo” dos governos em lidar com a crise econômica que não poupa ninguém. A duração dessa crise já é suficientemente longa, cinco anos. O diretor-gerente do BIS, Jaime Caruana,  tocou no ponto central no seu alerta: “a confiança na recuperação econômica sofreu uma erosão”. Ou seja, as pessoas, ao que parece, perderam a confiança de que a crise terminará em breve. Resultado: os empresários ficam com medo de investir e, portanto, de contratar e os consumidores ficam preocupados e não compram.

Os avisos do BIS tinham endereço certo: os países emergentes. Inclusive os chamados BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com uma preocupação bem definida: a dívida pública desses países não é tão tranquila como parece. É claro, como ponderou o BIS, que a dívida pública dos países da União Europeia é bem mais preocupante: a média dessa dívida no bloco passou de 75% do PIB em 2007 para 110% do PIB em 2011. Por exemplo, juntas, Itália e Espanha somam um débito de 2,7 trilhões de euros!

O caso da dívida dos emergentes é um pouco diferente. Esses países não devem muito – em média 70% do PIB – mas, a situação fiscal deles não é nada tranquila. Ou seja, o que arrecadam em relação ao que gastam é preocupante. Em outras palavras, os países emergentes podem estar no mesmo caminho perigoso de endividamento trilhado pelos europeus como alertou o banco central dos bancos centrais.

Um dos motivos da preocupação do BIS com os emergentes é a expansão muito acelerada da oferta de crédito. Para o banco, vários países emergentes estão “camuflando problemas” porque estão fortalecendo falsos booms de créditos e ativos “potencialmente insustentáveis”. A “tradução” desse alerta é a seguinte: em muitos países, crédito é oferecido a quem não pode pagar e certos ativos, o preço das casas, por exemplo, estão inflados para servirem de garantia a créditos potencialmente perigosos.

Essa receita, de dar crédito a quem não deve e aumentar preço de casas para gerar falsas expectativas estava na raiz da chamada crise do subprime, a crise que quebrou o sistema bancário norteamericano, iniciada em setembro de 2008.

O BIS apenas cumpriu no seu papel de fazer alerta. O aviso chamou a atenção porque bem antes da crise  do subprime americano ele fez um alerta semelhante.

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