Prêmio Nobel da Paz para a União Europeia. É justo?

Os líderes políticos da União Europeia receberam ontem, em Oslo, o Prêmio Nobel da Paz. Na cerimônia estavam 20 chefes de Estado e de governo incluindo os dois mais poderosos do bloco, a alemã Angela Merkel e o francês François Hollande.
A mídia européia foi bem dura na cobrança: seria justa a homenagem a estas lideranças? Em especial, quando se mede a violência da crise, os 25 milhões de desempregados no bloco, o crescente ingresso de milhões de famílias européias na linha de pobreza.
Na verdade, a mídia usou a cerimônia para lembrar que a crise na o zona do euro completou três anos. Durante este tempo o padrão de comportamento político frente a crise foi o mesmo, o tempo todo. Lideranças políticas repetiam propostas de soluções inadequadas para problemas que pediam solução bem mais rápida.
A longa duração da crise parecia não tomar conta do discurso político na Europa. Recentemente o quadro sofreu alguma alteração. O medo de que o sistema entrasse em colapso, como observou o jornalista Neil Irwin, do Washington Post, em artigo que o Estadão traduziu em 12 de dezembro na página B9, fez com que os líderes do continente finalmente autorizassem o Banco Central Europeu a colocar à disposição uma enorme quantidade de dinheiro pata conter a crise. Era curioso, mas a calma durava pouco, alguns meses apenas. Foi o que aconteceu em maio e novembro de 2010, julho e novembro de 2011 e em junho de 2012. E começou a acontecer de novo agora no final de novembro.
Os líderes da União Europeia receberam o Nobel da Paz premiando a perspectiva de que a união desses países evita a guerra, fato tão comum na história dessas sociedades européias. Porém, o mercado não está muito preocupado com esse fato: evitar a guerra. Por exemplo, os investidores sabem que as autoridades europeias têm os instrumentos para manter o continente unido. Sabem também que o BCE tem muita “bala na agulha”, muito recurso para conter qualquer especulação. E sabem que so governos apoiarão os bancos de qualquer país do bloco, se for necessário.
A economia desses países está, portanto, solidamente reunida. Curiosamente, no entanto, ssa mesma união não parece quando é preciso fazer a guerra contra o desemprego e a crescente pobreza no continente europeu. Já são 25 milhões de desempregados e é crescente, mesmo em áreas ricas da Europa, o número d e famílias que cruza a linha de pobreza. Na prática, a guerra, por exemplo, contra o desemprego não começou. A mídia européia insistiu muito na pergunta: como se pode falar e premiar a busca da paz dessas atuais lideranças européias com tanto desemprego no continente?

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