Há um consenso, mas há também um mistério. Entre os economistas é consenso que a manutenção do baixo nível e desemprego está relacionada ao menor número de pessoas a procura de uma ocupação. A briga começa quando se tenta saber os motivos que levaram à saída de jovens e adultos da População Economicamente Ativa.
Dois estudos chegaram a conclusões bem diferentes sobre esta questão. Os economistas concordam que a queda na taxa de participação no mercado de trabalho foi influenciada pela faixa etária dos 18 aos 24 anos. Até aqui tudo bem. O estudo do banco Itaú, porém, associa esse movimento dos jovens ao maior tempo dedicado aos estudos e a expansão do Programa Fies, o crédito educativo que permite a muitos jovens de baixa renda pagar ensino superior. Uma consultoria, a MCM, pensa bem diferente: a ênfase na taxa de participação dos jovens se dá pelo grupo dos “nem-nem”, o grupo dos jovens que não estuda, nem trabalha.
Para os economistas do Itaú, como mostrou matéria do Valor Econômico de 17/03, pg A14, a desaceleração da economia, a expansão do Fies e os ganhos de renda explicam o recuo na oferta de mão de obra jovem. Por exemplo, entre 2012 e 2013 a média de jovens fora do mercado de trabalho aumentou de 1,58 milhão para 1,62 milhão. No mesmo período a taxa de juros do Fies caiu de 9% para 2,4%e os prazos de carência foram ampliados. O número de matrículas no programa saltou de 50 mil em 2009 para 556 mil em 2013. Foi 377 mil em 2012.
A consultoria MCM argumenta de outra forma: se todos os jovens que estudam e os “nem-nem” entrassem no mercado de trabalho o impacto máximo na taxa de emprego seria de 0,4% em 2013.
Os dois estudos concordam apenas em um ponto: porque há menos gente procurando ocupação, o desemprego caiu. Por que há menos gente querendo emprego , é um mistério com duas explicações. Façam suas apostas!