A decisão do Yahoo de analisar a venda de seu combalido negócio de internet e de buscar alternativas de capitalizar ao máximo sua valiosa fatia no Alibaba Group Holding Ltd., o gigante chinês do comércio eletrônico, despertou o interesse de uma série de candidatos, de conglomerados do setor de mídia e comunicações a firmas de private equity.
Entre as empresas que gostariam de explorar a compra dos negócios de internet estão a telefônica Verizon Communications Inc. e a empresa de mídia e internet IAC/InterActive Corp. Outras podem estar interessadas em partes do Yahoo, se elas se tornarem disponíveis, incluindo a News Corp., dona do The Wall Street Journal, e a editora de revistas Time Inc., dizem as fontes.
A firma de private equity TPG Capital já cogitou comprar ativos de internet do Yahoo, como mostrou material do The Wall Street Journal, assinada por Rick Carew, Douglas Macmillan e David Benoit, publicada em 3/12.
Preocupações crescentes com a falta de progresso de Marissa Mayer em dar uma virada no Yahoo e com uma debandada recente de altos executivos têm aumentado a pressão para que o conselho decida sobre o futuro da diretora-presidente, já há quatro anos no cargo, e alternativas para seu plano de recuperação da empresa americana.
Apesar das dificuldades do Yahoo, potenciais compradores seriam atraídos pelo amplo alcance da empresa. O negócio principal do Yahoo está encolhendo, mas ainda representa um dos serviços mais visitados na internet. Seus ativos, que incluem o Yahoo Mail e o Yahoo News, são ao todo o terceiro site mais visitado dos Estados Unidos, tendo registrado 210 milhões de visitantes em outubro, de acordo com a comScore. O Yahoo fica atrás somente do Google Inc. e do Facebook .
Para firmas de private equity, o apelo pode ser o fechamento do capital da empresa, o que permitiria uma reestruturação que seria mais difícil se ela permanecer sob a lupa dos investidores em ações. Uma firma de private equity poderia, por exemplo, decidir extrair o fluxo de caixa da empresa enquanto corta investimentos.
Os ativos em dinheiro e investimentos de curto prazo do Yahoo totalizavam US$ 5,9 bilhões no fim do terceiro trimestre.
O Yahoo pode resolver não vender seu negócio principal. Na terça-feira, Brian Wieser, analista da firma de pesquisa Pivotal Research Group, disse numa nota que avalia o negócio em aproximadamente US$ 1,9 bilhão. Outro analista, Youssef Squali, do banco de investimento Cantor Fitzgerald, avaliou o negócio principal do Yahoo em US$ 3,9 bilhões, excluindo o caixa em dinheiro.
Boa parte do valor de mercado do Yahoo hoje, de US$ 31 bilhões, está atrelado a seus dois grandes ativos na Ásia: as fatias no Alibaba e no Yahoo Japan, que opera como uma firma independente no Japão.
A participação de 15% do Yahoo no Alibaba vale atualmente cerca de US$ 32 bilhões, enquanto sua fatia de 35% no Yahoo Japan está em torno de US$ 8,5 bilhões. Essas cifras, cuja soma é maior que o valor de mercado do Yahoo, significam que os investidores atribuem hoje um valor menor que zero ao negócio próprio da empresa.
Qualquer potencial comprador do Yahoo herdaria alguns problemas. O tradicional motor da empresa, vender publicidade na internet para grandes anunciantes, está em franco declínio. O Yahoo, que outrora era o destino preferido do orçamento de publicidade de muitas marcas, foi superado pelo Facebook e o Google. O Yahoo deve responder por 4,4% do total de US$ 58,12 bilhões do mercado de publicidade digital dos EUA em 2015, ante 5,1% no ano passado, segundo a firma de pesquisa eMarketer.
O Alibaba também poderia se interessar pelo negócio principal de internet do Yahoo, diz Henry Guo, da firma de pesquisa Summit Research LLC. “É atraente para o Alibaba em termos de expansão de sua marca nos EUA no longo prazo”, diz ele.
Para a Verizon, adquirir o Yahoo fortaleceria seu crescente negócio de tecnologias de publicidade. Em junho, a gigante americana de telecomunicações desembolsou US$ 4,4 bilhões para comprar a AOL, que se especializou em ajudar outros sites a vender mais anúncios. O Yahoo, por sua vez, adicionaria um vasto manancial de dados de registros de usuários e endereços de e-mail.
Outros analistas apontam para o SoftBank como um possível pretendente aos ativos de internet do Yahoo, que poderiam ajudar o grupo japonês de telecomunicações a acelerar sua expansão fora do Japão. O SoftBank é o maior acionista do Alibaba, com 32%, e do Yahoo Japan, com 43%. O Softbank não quis comentar.
Sob a liderança de Marissa Mayer, os investimentos do Yahoo nos setores de vídeo on-line, tecnologia de propaganda e software para aparelhos móveis não deram um impulso significativo à empresa.
Mayer disse, em outubro, que adotaria uma nova estratégia para dar um “reset” no foco da empresa, sem dar detalhes. A executiva contratou a consultoria McKinsey & Co. para buscar áreas que a empresa pudesse enxugar, diz uma fonte.
O Yahoo já foi alvo de especulações que seria adquirido no passado. Em 2008, o acionista ativista Carl Icahn acumulou uma participação de mais de 5% na empresa, ganhou assentos no conselho e a pressionou a ser vendida para a Microsoft, o que acabou não acontecendo.