Parece estranho, mas será que na bolsa de valores não valem as mesmas regras do mundo digital? Os papeis do Twitter encerraram o primeiro dia na Bolsa de Nova York cotados a US$ 41,64, um aumento de 73% em relação ao lançamento das ações. Em comparação, as ações do Facebook subiram menos de 1% no primeiro dia e despencaram nos meses seguintes.
Analistas e investidores apontaram as mesmas razões para a diferença: questões técnicas da bolsa e volumes diferentes de ações ofertadas. Mas, todos disseram que a principal razão da subida do Twitter foi mesmo o modo como as duas companhias se adaptaram à publicidade em aparelhos móveis quando abriram o capital.
Mas, em última análise, o que contou mesmo foi o respeito aos investidores, bem diferente entre as duas companhias. Como mostrou matéria do USA Today, assinada por Alistair Barr, que o Estadão publicou em 9/11, pg B36, a “maneira como as coisas ocorrem em Wall Street” não são iguais as do mundo digital. Os executivos do Twitter respeitaram todo o processo tradicional de lançamento de um IPO. Eles fizeram um autêntico road show, atenderam a um número maior de investidores, ouviram e responderam todas as perguntas feitas, seriamente. Antes do lançamento, o Twitter criou um departamento de relacionamento com os investidores, sugerindo que a companhia será responsável financeiramente com os investidores.
O Facebook não fez nada disso. Os executivos do Twitter cuidaram de explicar muito bem os produtos de publicidade que se beneficiariam da mudança dos computadores de mesa para os smartphones. O Facebook simplesmente não tratou da questão da publicidade.
Até o comportamento dos dois presidentes, do Facebook e do Twitter foram bem diferentes. Os investidores entenderam como “imatura” a atitude de Mark Zuckerberger que compareceu ao lançamento vestindo agasalhos de sua marca, o que na opinião de muitos foi apenas “desrespeito”. De modo bem diferente, o presidente do Twitter só tuitou a palavra “indispensável” quando as ações da companhia estavam bem no alto.
