O Brasil não perdeu uma medalha; deixou de ganhar, o que é diferente. A agência de classificação de risco Moody’s, a mesma que rebaixou a nota da França anteontem, anunciou ontem que manteve a nota de crédito do Brasil. Foi uma surpresa, porque há meses a própria Moody’s deu várias dicas de que elevaria a nota brasileira.
O que isto significa? Estas notas servem para ajudar os investidores a escolherem este ou aquele país para colocarem o seu dinheiro. Investimento quer dizer, por exemplo, uma nova fábrica, mais emprego e mais renda. Quanto maior é a nota de crédito, mais confiável é considerado aquele país para conseguir empréstimos a juros mais baixos, por exemplo. Na prática, elevar a nota das agências de classificação de risco significa atrair mais capitais externos para o mercado brasileiro.
Há uma explicação dada pela própria Moody’s para sua decisão: o baixo crescimento médio, em 2010 e 2011, que não passou de 2%. Este foi o fator mais relevante para que a nota não fosse elevada. A Mooody’s, na verdade, agiu por comparação: entre 2003 e 2010 o PIB brasileiro, o Produto Interno Bruto, – ou seja, a soma de todas as riquezas produzidas pelo País -, avançou a uma média de 4% nesses anos. Já em 2011, o aumento do PIB já foi bem menor, de 2,7% no cálculo apresentado pelo Banco Central. Para este ano, o quadro ficou ainda menos favorável: o PIB deve crescer, no máximo, 1,6%. Tomando como referência o que o Brasil vinha crescendo na década anterior, a Moody’s concluiu que o País precisava incentivar sua expansão econômica.
A intenção da agência de risco é incentivar o governo brasileiro a dar mais ênfase a fatores estruturais que acelerem o crescimento, O principal desses fatores é a capacidade de investimento. É exatamente este aspecto que mais preocupa os investidores e faz a agência de risco, que trabalha para esses investidores, se preocupar com a capacidade do Brasil de crescer.
A nova reavaliação da nota brasileira para os investidores só ocorrerá entre 12 meses e 18 meses. Para 2013, vários agentes econômicos esperam que o Brasil volte a crescer na faixa de 4% , número mais próximo da média dos anos anteriores. Nesse caso, será possível recuperar a medalha que não foi ganha neste ano.