Petróleo mais barato? Boa notícia para a economia global?

O incentivo chegou do lugar certo. Muitas das principais autoridades econômicas do mundo estão reescrevendo suas previsões para os Estados Unidos, Europa e outras regiões, numa aposta em que a queda dos preços do petróleo vai impulsionar o crescimento ao reduzir as despesas de consumidores e fabricantes.
Nos últimos dias, líderes do Fundo Monetário Internacional, do Federal Reserve (o banco central americano) e do Banco Central Europeu descartaram a ideia de que a queda nos preços do petróleo seja um sinal de desaceleração econômica. Em vez disso, eles estimaram que o petróleo mais barato dará uma injeção de ânimo na economia como um todo, principalmente nos países que gastam alto com importação de combustíveis, como mostrou matéria do The Wall Street Journal, assinada por Ian Talley, publicada no Valro de 8/12, pg B11.
Stanley Fischer, vice-presidente do Federal Reserve, chamou a queda do petróleo de um “choque de oferta” que vai ajudar os EUA. “Há mais probabilidade de o PIB aumentar do que diminuir”, disse.
“O efeito é inequivocamente positivo”, disse na quinta-feira o presidente do BCE, Mario Draghi, após a reunião mensal do banco.
Alguns economistas, porém, alertam que um recuo de quase 40% nos preços do petróleo nos últimos meses é menos um estimulante para a economia global e mais um prenúncio de um futuro sombrio, à medida que a Europa flerta com a recessão, o Japão tenta sair dela e a retração da China ameaça se aprofundar. De fato, quedas acentuadas no preço do petróleo tenderam, no passado, a ser associadas a recessões que provocaram o colapso da demanda por energia.
Só que, desta vez, uma série de fatores estimulando a oferta – desde técnicas avançadas de extração até a reativação de instalações na Líbia e um esforço de países produtores do Oriente Médio de tirar seus concorrentes do mercado – está alterando o cálculo de muitas autoridades e economistas.
Se a queda recente nos preços está sendo causada mais por um excesso de oferta ou uma redução na demanda é uma questão que pode determinar o futuro da economia mundial no próximo ano. O preço do West Texas Intermediate, o petróleo de referência nos EUA, caiu cerca de US$ 40 por barril, para em torno de US$ 60, desde meados do ano.
A queda nos preços está claramente prejudicando grandes exportadores como Iraque, Argélia e Nigéria, altamente dependentes da receita gerada pelo petróleo. A situação é ainda pior para Rússia, Venezuela e Irã, que já enfrentam graves problemas econômicos.
Mas nos grandes importadores como Japão, Itália e Alemanha, o FMI calcula que a queda nos preços pode adicionar quase um ponto percentual ao PIB de suas economias. O FMI elevou de 3,1% para 3,5% sua previsão para o crescimento dos EUA em 2015, em parte devido à despesa menor que o país terá com energia.
“Haverá ganhadores e perdedores, mas, em termos líquidos, é uma boa notícia para a economia global”, disse na semana passada a diretora -gerente do FMI, Christine Lagarde, durante um evento anual do The Wall Street Journal para diretores-presidentes.
O fundo atribui cerca de 80% da queda dos preços do petróleo a causas ligadas à oferta, como a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo de não cortar a produção e a novos padrões de economia de combustível impostos por governos. Apenas 20% da queda no preço se deve ao declínio da demanda provocado pela desaceleração econômica, projeta o FMI.
Os economistas geralmente concordam que a atual queda dos preços está sendo parcialmente provocada pelo crescimento anêmico da Europa e a desaceleração da China. Mas a Agência Internacional de Energia e outros especialistas afirmam que a oferta excessiva é, em grande parte, responsável pela queda.

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