Pela 1ª vez, brasileiro ganha o “Nobel de Matemática”

A maior importância está na frase: “o prêmio vai mostrar que não é só nos Estados Unidos ou na Europa que se faz pesquisa de ponta”. O matemático brasileiro Artur Avila, 35, é o primeiro pesquisador na América Latina escolhido para receber a Medalha Fields, popularmente conhecida como o “Nobel da Matemática”. A entrega do prêmio ocorreu na abertura do 27º Congresso Internacional de Matemáticos, em Seul, na Coreia do Sul.

Comparada ao Nobel, pela importância, a Medalha Fields distingue-se por ser entregue apenas de quatro em quatro anos para matemáticos de até 40 anos, como mostrou matéria do Valor Econômico, da edição de 13/08, pg A2. A cada edição deste prêmio, são entregues de duas a quatro medalhas. Neste ano, também receberam o prêmio outros três pesquisadores: o canadense-americano de origem indiana Manjul Bhargava, o austríaco Martin Hairer, e a iraniana Maryam Mirzakhani, a primeira mulher a receber a distinção.

Avila é pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), órgão de pesquisa do governo francês. A primeira linha de pesquisa de Avila foi na área de sistemas dinâmicos. Esse ramo da matemática busca prever a evolução no tempo de fenômenos naturais e humanos observados nos mais diversos ramos do conhecimento. Hoje, suas ferramentas são usadas para descrever a evolução de epidemias, para estudar como surgem espécies animais e mostrar a impossibilidade de previsões do tempo para mais do que alguns dias.

Mais recentemente Avila tem trabalhado para construir uma teoria geral dos chamados ‘operadores de Schröndinger quase-periódicos’. Esses operadores originaram-se na física e são usados para descrever o comportamento quântico das partículas. Avila trabalha com matemática pura.

Nascido no Rio de Janeiro, o matemático fez toda a sua formação no Brasil, situação rara no caso de pesquisadores de países em desenvolvimento que despontam precocemente. Ele começou a frequentar o Impa aos 16 anos, ainda no ensino médio, após ter ganho a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática de 1995.

No ano seguinte, iniciou o mestrado no instituto. Concluiu o doutorado em matemática na mesma instituição aos 21 anos, na mesma semana em que pegou o diploma de graduação.

Para César Camacho, diretor-geral do Impa, a conquista da medalha mostra como é acertada a política do instituto de permitir que alunos de qualquer idade assistam às aulas e tenham contato com os pesquisadores.

Para Avila, o prêmio “Tira um pouco do complexo de vira-lata da comunidade científica brasileira”.

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