Para jovem, celular vale mais que roupa

A escolha é clara: adolescentes nos EUA preferem um bom sinal de Wi-FI a uma marca de roupa. É fato que, para alguns deles, ainda é impensável usar os jeans da temporada anterior. Mas um número crescente deles considera que escrever mensagens de texto num smartphone antiquado é ainda pior.

Para o varejo de roupas dos EUA, esse adolescente obcecado por tecnologia representa uma grande ameaça, como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Elizabeth A. Harris, publicada no Estadão de 1o./09, pg B11.

Camisetas sem manga e jeans estrategicamente rasgados já não proporcionam um atrativo garantido para cadeias de varejo norte-americanas como Hollister e American Eagle Outfitters. O diferencial social hoje em dia envolve usar a mais recente tecnologia em aparelhos portáteis.

“Roupas não são importantes para mim”, disse Olivia D’Amico, uma jovem de 16 anos de Nova York, quando fazia compras na Hollister com sua irmã e uma amiga. “Metade do tempo não compro realmente nenhuma marca. Comprei apenas um par de Doc Martens falsos porque não me importo mesmo.” Ela provavelmente gasta mais em tecnologia porque gosta de “ficar conectada”, como disse.

Analistas e identificadores de tendências concordam que está em curso uma grande virada nas tendências e gastos de adolescentes. John Morris, um analista do setor de varejo na BMO Capital Markets, diz que suas pesquisas com adolescentes sobre tendências com frequência se afastam do tema vestuário.

“Você tenta falar sobre qual será o novo visual, o que empolga na compra de roupas, e a conversa acaba sempre voltando ao iPhone 6”, disse ele. O setor de varejo de roupas para adolescentes, cujas vendas representam cerca de 15% de todas as vendas de roupas, segundo o NPD Group, vive uma crise profunda porque as vendas caíram nos últimos trimestres.

Afora a atenção dada a itens tecnológicos, como telefones, aplicativos e acessórios, alguns varejistas de longa data foram duramente atingidos pela competição de lojas de “fast-fashion” (moda rápida) como Forever 21 e H&M, que oferecem tendências de última hora a preços baixos. As compras online também reduziram o tráfego de consumidores adolescentes em shoppings, e a popularidade do Instagram espalha modismos tão rapidamente que os jovens não ficam atrás de algum item de moda duradouro. Os consumidores jovens são os primeiros a assinalar o uso de telefones no comércio eletrônico.

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