Pacote chinês de investimentos faz o mundo voltar a sorrir

A conexão foi imediata: o governo chinês anunciou um megapacote de US$ 150 bilhões para investimentos em infraestrutura; de imediato, começaram as comemorações em vários cantos do mundo, especialmente no Brasil. As contas foram instantâneas: o preço do minério de ferro subirá e a China deve voltar a produzir muito, comprando de tudo do resto do mundo. Todos voltaram a sorrir, esquecendo um pouco as ameaças de recessão no horizonte deste resto do ano e de 2013 também.
O otimismo tem sua razão de ser: de janeiro a junho as vendas de minério de ferro do Brasil para a China caíram 24%. Na semana passada, o governo brasileiro, por esse motivo, reduziu a expectativa de crescimento das exportações deste ano para modestos 3%. A meta de exportar US$ 264 bilhões em 2012 foi reavaliada para baixo. Agora, com a decisão de Pequim, é possível que a meta volte para a pretensão anterior.
O pacote chinês é bem amplo e muito ambicioso. Entre os projetos estão 25 novas linhas de metrô e nada menos que 13 novas rodovias tudo de execução imediata. Nos projetos ferroviários estão previstos mais 7 mil quilômetros de estradas de ferro. O alvo das novas ligações por trem são exatamente as áreas mais pobres do país, como Qinhai, Xinjiang e Hunan.
O que mais chamou atenção entre os novos projetos, como mostrou a edição do Estadão de 8 de setembro, pg B1, foi a parte imobiliária do pacote, a venda de terrenos pelas autoridades em grandes cidades.O alvo da proposta é conter a bolha imobiliária (subida repentina e muito forte do preço das casas) e a própria inflação.
A reação no mercado mundial foi imediata. O preço do cobre imediatamente subiu 3.51% e o do zinco 3,19% com forte repercussão para cima no preço das ações das mineradoras.
No caso específico do minério de ferro, que interessa muito aos brasileiros, mas os contratos de venda do minério fecharam no mesmo dia com alta de 8%.
As autoridades econômicas chinesas destacaram que há fundos suficientes para todos os projetos de infraestrutura, considerando principalmente os altos índices de poupança da população chinesa nos bancos locais. Realmente este dado chama atenção: em 2011, no acumulado do ano, os chineses pouparam 45% do que ganharam no mesmo ano o que permite fortes investimentos continuadamente. O caso brasileiro é diferente: nossa taxa de poupança, na mesma comparação, é de apenas 16,8%. Portanto, o perfil dos investimentos também será bem diferente.

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