A Organização Mundial do Comércio (OMC) revisou ontem para baixo suas projeções para exportações e importações para os dois próximos anos. E alerta que a guerra na Ucrânia não é o único fator que põe em risco a retomada já frágil do comércio mundial.
Essas regras têm como objetivo proteger o investimento que o Valor faz na qualidade de seu jornalismo. fator que põe em risco a retomada já frágil do comércio mundial.
Os confinamentos na China, para combater a propagação da covid-19, podem levar a novas penúrias de insumos para a produção industrial e inflação mais elevada.
As novas cifras da OMC mostram que, com a guerra, o crescimento em volume do comércio de mercadorias pode ficar em 3% neste ano, comparado a 4,7% estimado antes. Para o ano que vem, as trocas podem aumentar 3,4%, mas trata-se de projeção cheia de incertezas por causa da guerra.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, alertou para o impacto da disrupção das cadeias de abastecimento, alta de inflação e impacto significativo sobre as populações pobres do mundo.
“A guerra na Ucrânia provocou imenso sofrimento humano, mas também prejudicou a economia mundial num momento crítico. Seu impacto será sentido no mundo inteiro, particularmente nos países de renda baixa, onde alimentos representam grande proporção das despesas das famílias.”
As perspectivas para a economia global pioraram com o conflito, constata a OMC. O impacto econômico mais imediato da crise tem sido um forte aumento nos preços das commodities. Apesar de suas pequenas participações no comércio e produção mundial, a Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores de itens como alimentos, energia e fertilizantes.
Boa parte dos economistas concorda que o risco mais imediato para a economia mundial vem mesmo da China. A OMC avalia que, além da guerra, os lockdowns na China para combater a covid-19, perturbam de novo o comércio marítimo no momento em que as pressões nas cadeias de fornecimento pareciam se atenuar.
Pelas projeções da OMC, o PIB mundial à taxa de câmbio do mercado deverá crescer 2,8% neste ano, após ter expandido 5,7% em 2021. O crescimento da produção poderá aumentar para 3,2% no ano que vem, no caso de persistência de incertezas geopolíticas e econômicas.
A região de influência da Rússia deverá registrar uma baixa de 12% de suas importações e contração de 7,9% de seu PIB em 2022, mas as exportações poderão aumentar 4,9% ante a dependência da energia russa por outros países.
Em 2021, o comércio mundial de mercadorias em volume aumentou 9,8%. O valor em dólares do comércio internacional cresceu 26%, atingindo US$ 22,4 trilhões. Significa que os preços de exportação e importação deram um salto de 15% em 2021, em média.
O Brasil voltou a subir um posto no ranking dos exportadores mundiais e recuperou uma posição como importador em 2021, apontam os dados da OMC.
Em 2021, o país tornou-se o 25o maior exportador mundial de mercadorias, com vendas que somam US$ 281 bilhões e que representaram alta de 34% em comparação ao ano anterior. O Brasil aumentou sua fatia nas vendas globais, passando a representar 1,3% do total – comparado a 1,2% no ano anterior.