Obama recebeu o voto das novas forças da economia. E ganhou

Barack Obama está reeleito. De modo incontestável: ganhou no voto popular, 50% a 48% foi vitorioso em todos os chamados “estados chaves”, incluindo os dois mais difíceis, Ohio e Florida. A primeira declaração de Obama depois da vitória causou surpresa: “o melhor está por chegar”. A totalidade dos analistas estranhou esta retórica porque, talvez, o oposto dela seja o mais provável. E em prazo bem curto: a discussão do célebre “abismo fiscal” terá de acontecer nas próximas duas semanas.
Há um fato importante: Obama conquistou novamente o apoio das forças mais identificadas com visões de futuro. A questão não está em fazer juízo de valor, se melhores ou piores das que sustentaram a candidatura Romney. As forças de apoio foram diferentes. Vale notar que dos 5 maiores apoiadores (e isso significa também financiamento) da candidatura democrata estavam duas grandes universidades e as empresas Microsoft e Google. Os cinco maiores apoiadores de Romney eram entidades financeiras.
A geografia do voto sinaliza este apoio: o mapa da economia mais modernizada votou em Obama. Os estados mais dependentes de antigas estruturas econômicas, incluindo as formas de energia menos identificadas com a questão ambiental votaram no republicano.
O problema maior está, de verdade, na urgência da solução para o chamado “abismo fiscal”. Esta expressão resume a combinação de cortes automáticos de gastos e aumento de impostos que podem chegar a 4% do PIB norteamericano. Essa decisão entrará em vigor em janeiro de 2013. Caso as forças políticas de republicanas e democratas não entrem em acordo sobre autorizar o Executivo a aumentar o endividamento do estado.
A questão é simples: se os cortes de gastos forem feitos junto ao aumento de impostos (para equacionar o equilíbrio fiscal do país) é certo que a atividade econômica refluirá. Em outras palavras, volta a recessão. Nos últimos 13 trimestres lentamente a economia americana recuperou boa parte do que perdeu com a crise de 2008.
Os republicanos não devem deixar a vida fácil para Obama nos primeiros dias do novo mandato. Não haverá qualquer lua de mel. A demora de Romney de reconhecer a derrota é mau sinal de possível boa convivência. Outro sinal ainda mais preocupante para os democratas foi o pedido do candidato republicano de “unidade do partido”. É sinal evidente que Romney pretende liderar a oposição republicana e fazer do “abismo fiscal” a forma de “encostar na parede” o segundo governo Obama. A conferir!

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