A decisão causa surpresa: pela primeira vez, o presidente dos EUA, Barack Obama, admitiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para lutar em solo contra o Estado Islâmico.
Obama enviou um projeto de lei ao Congresso que pede autorização para uma campanha militar contra a facção radical. Ela evitaria operações terrestres de longa duração, mas não exclui o uso limitado de soldados americanos em algumas missões, como mostrou matéria da Folha de S. Paulo, edição de 12/02.
“A resolução que apresentamos hoje não pede o envio de forças terrestres norte-americanas. Não é uma autorização para outra guerra em solo, como no Afeganistão ou no Iraque”, afirmou Obama. “Ao mesmo tempo, [ela]fornece o equilíbrio necessário ao nos dar a flexibilidade de que precisamos para situações imprevistas”, disse o presidente.
As Forças Armadas dos EUA poderão ser usadas em operações de resgate de americanos ou aliados e ações militares contra líderes do EI.
Também estão autorizadas a participação de tropas em operações de inteligência, missões para habilitar ataques cinéticos “”eufemismo usado pelo governo para operações militares com armas letais desde a intervenção na Líbia, em 2011– e assistência ao Exército de parceiros.
Na prática, os EUA já realizam ataques aéreos contra o EI no Iraque e na Síria desde setembro de 2014. O país também enviou tropas para treinar soldados iraquianos.
A autorização do Congresso oficializaria o poder do presidente para efetuar essas operações contra o grupo e “forças e pessoas associadas a ele”, diz o texto.
Não há limitações geográficas para as ações, o que permitiria operações além dos territórios iraquiano e sírio.
A autorização proposta por Obama terá duração de apenas três anos, até o início do mandato de seu sucessor “limite” inédito em resoluções do tipo. O presidente também terá de se reportar ao Congresso ao menos uma vez por semestre sobre suas decisões tomadas com base na lei.
Se o projeto for aprovado, será a primeira vez que o Congresso autoriza o uso da força militar desde 2002, quando o então presidente George W. Bush recebeu permissão para invadir o Iraque.
Obama havia pedido em seu discurso do Estado da União, em janeiro, que o Congresso aprovasse uma campanha militar contra o EI para “mostrar ao mundo que estamos unidos nesta missão.”