Obama escolheu uma mulher para presidência do banco central. Muita gente diz que nada muda.

O presidente Obama provocou muita risada ao apresentar a nova presidente do FED, o banco central americano, Janet Louise Yellen, 67 anos, deste jeito: “a conversa no jantar na casa dela não deve ser igual a nossa”. Obama tinha razão. A respeitada economista, professora de Berkeley, na Califórnia, é casada com George Akerlof, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2001, que dividiu com Joseph Stiglitz. O único filho deles, Robert Akerlof, economista renomado e professor da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

O banco central americano tem a obrigação de cuidar tanto da inflação quanto do emprego. Com Yellen terá uma terceira função: cuidar também da estabilidade do sistema financeiro. A economista Yellen tem sólida carreira como docente, analista e formuladora de políticas públicas. Tem formação muito influenciada por John Maynnard Keynese pelo seu seguidor, James Tobin, do qual foi orientanda.

Como mostrou matéria de O Globo, edição de 10/10, pg 29, Yellen vê papel fundamental do governo como indutor dos mercados , para evitar ou corrigir erros que têm “tendência natural a cometer”. Para a política monetária a escolhida de Obama tem inequívoca convicção de que bancos centrais devem ter visão mais abrangente da economia, na qual o controle da inflação é indispensável, mas a garantia de baixos níveis de desemprego e de crescimento sustentável a longo prazo são compromissos inegociáveis.

Mas o que ela fará no FED? O histórico de Yellen sugere um percurso cauteloso. Foi esta perspectiva que animou a ala à esquerda do Partido Democrata que brigou bastante por sua nomeação. O presidente Obama preferia outra escolha, a de Larry Summers, que era visto como muito mais próximo do que os investidores de Wall Street esperam de um presidente do FED.

Muitos analistas insistem que Yellen no banco central será “mais do mesmo” em relação à política empreendida pelo atual presidente do FED, Ben Bernanke. O jornal The Wall Street Journal, depos de entrevistar dezenas de economistas com cargos de direção em empresas e bancos mostrou que 60% deles disseram que banco central americano sob comando de Yellen não deve ser muito diferente do que se Bernanke permanecesse no cargo. A conferir.

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