A frase assustou muita gente. O presidente dos EUA, Barack Obama, reconheceu que o país subestimou a ameaça representada pela milícia radical Estado Islâmico (EI). “Nosso chefe de inteligência, Jim Clapper, reconheceu que eu acho que eles [agências de inteligência dos EUA] subestimaram o que acontecia na Síria”, disse Obama, em entrevista exibida na noite de domingo pelo programa “60 Minutos”, da emissora CBS.
Ao ser lembrado da continuação da frase de Clapper, admitindo que os EUA superestimaram a capacidade do Exército iraquiano de combater os radicais do EI, Obama concordou: “Isso é absolutamente verdade”.
O presidente americano disse que a Síria se tornou um “marco zero” para jihadistas de todo o mundo com a guerra civil iniciada em 2011, e que a invasão americana do Iraque, em 2003, ajudou a colocar os extremistas islâmicos “no subsolo”, como mostrou matéria da Folha de 29/09.
“Durante o caos da guerra civil síria, onde você tem grandes fatias do país completamente desgovernadas, eles [radicais] foram capazes de se reconstituir e tomar vantagem disso”, afirmou Obama.
No início deste ano, em entrevista publicada pela revista “New Yorker”, o presidente americano chegou a comparar o EI a um “time júnior de basquete”, numa referência de que a Casa Branca estava mais preocupada com outros grupos terroristas, incluindo a rede Al Qaeda.
Os EUA bombardeiam posições da facção no Iraque desde o dia 8 de agosto. Na semana passada, com a ajuda de aliados árabes, Obama deu início aos ataques aéreos contra alvos do EI na Síria. Os radicais da milícia formam um dos mais fortes grupos opositores ao regime do ditador sírio Bashar al-Assad.
Washington reitera que não pretende enviar tropas ao Oriente Médio, com o temor de que os EUA sejam arrastados para outra guerra como as que se seguiram às invasões do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003).