Muita gente reclama da falta de tempo. Inclusive para o lazer mais simples, ver tv, ou visitar amigos. E o culpado é bem conhecido: muita internet.
A acusação mais comum é que o espaço do convívio com os amigos foi destinado ao Facebook ou que o YouTube ocupou o lugar de “ver tv”. Nesta história tem muito mais mito do que verdade. Duas pesquisas sobre o uso do tempo nos EUA absolvem solenemente a web. A primeira a General Social Survey , ouviu 55 mil pessoas em uma série histórica que foi de 1975 a 2012. A outra, American Time-Use Survey, ouviu 101 mil pessoas de 2003 a 2011.
Não é verdade, por exemplo, que a internet rouba tempo de visitar amigos. Na média, entre 1975 e 1979, os americanos faziam em média 68,4 visitas a parentes e amigos por ano. Em 2012, no auge do mundo digital, o número de visitas por ano subiu para 84,7. O tempo gasto coma tv vem recuando desde os anos 1980. Mas, a partir de 2006, curiosamente começou a ocorrer uma recuperação do meio televisão, porque as ferramentas digitais geraram novas oportunidades para assistir tv, com vídeos sob demanda e gravação de programação.
Consultorias especializadas replicaram a mesma pesquisa no Brasil, como mostrou O Globo de 26/8, pg 17, e chegaram a conclusões semelhantes: a batalha entre as mídias pelo tempo do consumidor não registra baixas para nenhum dos lados. Como mostrou a pesquisa da consultoria comScore, o brasileiro gastou em junho deste ano 33,4 horas navegando na rede, atrás apenas de reino Unido, EUA e Canadá, mas a pesquisa considerou apenas acesso em desktops e laptops em casa e no trabalho, excluindo portanto celulares e lanhouses. É fato que este tempo é bem maior que o gasto com tv. A consultoria baseou sua análise na pesquisa piloto do IBGE que estimou em 18 horas semanais o uso da tv no Brasil, no primeiro semestre deste ano.
Tanto a pesquisa americana, como a brasileira apontam para a convergência das duas mídias. O estudo da comScore mostrou que no Brasil 73% dos internautas acessam a rede enquanto assistem a tv e 37% fazem isso sempre. Em outras palavras, o tempo não está sendo dividido pelas mídias, é o usuário que se divide para dar conta da simultaneidade da informação.
Basta um dado sobre o fenômeno da segunda tela: a empresa de pesquisas Nielsen usa o twiter como indicador de audiência. Ou seja, quem vê tv twita junto.