O “Made in China” vai acabar. Chegou o “Criado na China”…

O mundo mudou. De meca da pirataria, a China está se transformando no maior centro de inovação do mundo. Dados divulgados ontem indicam que, apenas em 2013, a China registrou a solicitação de 825 mil patentes, um terço de todas as licenças de propriedade intelectual no mundo. Pequim também já é a líder mundial de registros de marcas e de desenhos industriais.
Para Francis Gurry, diretor da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, acabou a era do “Made in China”, quando o país era apenas uma grande indústria de montagem de produtos concebidos no exterior. “Agora, eles querem focar no slogan Criado na China”, contou.
Vista por anos como sinônimo de pirataria ou de produtos de baixa qualidade, a China agora aposta em uma estratégia industrial para agregar valor. “Patentes são indicadores da economia do conhecimento”, apontou Gurry.
Para ele, a China embarcou em uma política estratégica de mudança de seu parque industrial e, em 2019, já deverá superar a Europa em volume de pesquisa e desenvolvimento, como mostrou matéria do estadão de 17/12, pg B12.
Nem todos veem nos números sinal de progresso. Para empresas ocidentais, o volume é em parte uma “ficção”. Nem todas as inovações seriam de fato novas criações, mas ajustes em modelos já existentes de tecnologia. Gurry rejeita a acusação.
“Patentes são os espelhos da economia mundial e, nesse cenário, a China tem uma posição cada vez maior”, disse.
Se há dez anos a China fugia dos debates sobre patentes, hoje ela tem cortes especializadas para casos de propriedade intelectual. Seu escritório de registros já é o maior do mundo, com 15 mil funcionários.
Em dez anos, os registros de patentes na China foram multiplicados por sete. Somando ainda o Japão e a Coreia do Sul, a Ásia passou a representar 60% dos novos registros de propriedade intelectual no mundo.
Mas a China não registra suas marcas e patentes apenas em casa. Em 2012 e 2013, as empresas do país foram as que mais apresentaram seus pedidos de propriedade intelectual nos EUA, Alemanha e no Japão. “Há uma correlação entre o registro de patentes e a saúde de uma economia”, constatou Gurry.
No mundo, 2,6 milhões de patentes foram solicitadas em 2013, uma alta de 9% em relação ao ano anterior. Mas a expansão na China foi de 26%. Juntos, chineses e americanos já controlam metade das patentes do planeta, com 32% e 22% respectivamente. A Europa conta com meros 5,8%. Na Itália, Reino Unido e Espanha, o que se registrou foi uma queda nas novas patentes.

A diferença entre a China e o Ocidente também aumenta. O número de patentes solicitadas em 2013 por Pequim superou em 300 mil os pedidos feitos nos Estados Unidos.
Do total de solicitações, 1,1 milhão foi concedido em 2013. Hoje, 9,4 milhões de patentes estão vigor no mundo, com 2,3 milhões de propriedades dos EUA.
Os chineses também registram suas próprias marcas. De um total, no mundo, de 5 milhões de registros em 2013, Pequim foi responsável por 1,8 milhão de pedidos, mais de três vezes o número dos Estados Unidos, de 488 mil.
O registro de desenhos industriais no mundo também é dominado pelos chineses. No ano passado, eles foram responsáveis por 53% de todos os pedidos de propriedade, cerca de 1,2 milhão.

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