As descobertas de novas reservas de petróleo atingiram o menor patamar em seis décadas porque as empresas reduziram os investimentos em exploração em bilhões de dólares para sobreviver à maior crise no setor em uma geração.
Cerca de 12,1 bilhões de barris em reservas de petróleo foram descobertos em 2015, marcando o quinto ano consecutivo de declínio e o menor volume desde 1952, segundo a Rystad Energy, consultoria do setor com sede em Oslo, como mostrou materia distribída pelo Bllomberg, assinada por Rakteem Katakey, publicada no Valor de 24/05.
A exploração normalmente é a primeira vítima do colapso nos preços do petróleo. Empresas como a BP e a Royal Dutch Shell reduziram seus orçamentos e equipes para se concentrarem na manutenção dos campos existentes e nos pagamentos de dividendos aos acionistas. A ausência de novas descobertas pode afetar a oferta de petróleo no longo prazo, porque são necessários de cinco a dez anos para levar as novas descobertas à fase de produção, dependendo da localização, dos preços e da demanda.
“Não há escassez de petróleo no curto prazo”, escreveu Martijn Rats, analista do Morgan Stanley em Londres, em um relatório divulgado no dia 20 de maio, no qual estima que o gasto com exploração somou US$ 95 bilhões no ano passado, 45% menos que em 2013. “Qualquer impacto dos recentes resultados ruins de exploração vai se concretizar a longo prazo”, escreveu Rats.
O ritmo das descobertas de petróleo provavelmente continuará inalterado até 2018, segundo a Rystad Energy.
Contudo, as metas climáticas globais provavelmente limitarão o consumo de petróleo, o que significa que os recursos existentes podem ser suficientes para atender a demanda nas próximas duas décadas, segundo o Morgan Stanley. Citando o melhor cenário da Agência Internacional de Energia (AIE), o banco estima que a diferença entre a demanda e a oferta continuará “pequena” e que “será necessária mais exploração, mas em escala apenas modesta”.
Somente se tudo continuar como em 2015 é que “se formará um déficit significativo entre demanda e produção dos recursos conhecidos”, avalia a AIE.
O preço do petróleo Brent, referência internacional, está em menos da metade dos valores de dois anos atrás. As empresas de exploração mantêm o foco na contenção de despesas e na extração de recursos dos ativos descobertos anteriormente, para os quais os riscos são mais baixos, e o ciclo de tempo do projeto, reduzido, disse Leta Smith, diretora da IHS Energy, em um relatório, divulgado ontem.
“O piso nos preços afetou a exploração convencional e os resultados prenunciam um déficit de oferta no futuro que será difícil de superar”, disse Leta. “No ambiente atual de corte de custos, a perspectiva para novas descoberta em 2016 provavelmente também não será melhor.”