Quem fez a crítica sabe do que fala: a agência avaliadora de riscos Standard& Poor’s (S&P) avisou que a desigualdade, cada vez maior nos EUA, torna mais difícil a recuperação do país da Grande recessão iniciada coma crise financeira de 2008.
Muitos economistas repetem que a crescente diferença entre os americanos mais ricos e os demais tornou a economia mais propensa a ciclos de grandes altas e quedas e desacelerou o processo de recuperação econômica pós crise, como mostrou matéria da Associated Press, de Washington, que o Valor Econômico publicou em 6/8, pg A9.
A economista-chefe da S&P, Beth Ann Bovino, insistiu que as disparidades econômicas alcançaram extremos que “precisam ser observados, porque estão prejudicando o crescimento”.
A posição da agencia de risco baseia-se em dados do escritório do Orçamento dos EUA, do Fundo Monetário Internacional para explicar porque a diferença de renda pode afetar o crescimento. Muitos consumidores tendem a ficar mais dependentes de dívidas, para continuar gastando, piorando portanto os ciclos de altas e quedas. Ou, restringem seus gastos, com o crescimento aumentando apenas de forma modesta. Como, aliás, aconteceu na atual recuperação.
Parte do problema é que os níveis de formação educacional ficaram estagnados nas últimas décadas. Mais escolaridade quer dizer mais salário. A S&P estima que a economia dos EUA cresceria 1,5 ponto percentual a mais – cerca de US$ 105 bilhões – nos próximos cinco anos se o trabalhador médio americano tivesse completado um ano a mais de ensino.