Nos EUA, com salários baixos, homens desistem de trabalhar

O New York Times “jogou pesado”: o trabalho está em declínio nos Estados Unidos. Motivo: a quantidade de homens na faixa etária mais produtiva – de 25 a 54 anos – que não está trabalhando mais que triplicou desde os anos 1960, para 16%. Mais recentemente, desde a virada do século, a proporção de mulheres sem emprego remunerado também vem aumentando. Os EUA, que tinham umas das mais altas taxas de emprego entre as nações desenvolvidas até 2000, caíram para o fim da lista.
No momento em que a economia lentamente se recupera da recessão, muitos homens e mulheres estão ansiosos para encontrar trabalho e estão dispostos a fazer grandes sacrifícios para isso. Muitos outros, porém, estão preferindo não trabalhar, segundo uma pesquisa feita pelo New York Times, pela CBS News e pela Kaiser Family Foundation que oferece um olhar detalhado sobre as vidas de 30 milhões de americanos com 25 a 54 anos que não têm trabalho, como mostrou a matéria do The New York Times, assinada por Binyamin Appelbaum, publicada no Estadão de 15/12, pg B11
Muitos homens, em particular, decidiram que empregos mal remunerados não melhorarão suas vidas, em parte porque mudanças na sociedade americana tornaram mais fácil para eles viver sem trabalho. Essas mudanças incluem a disponibilidade de benefícios federais por invalidez; o declínio do casamento, que significa menos homens provendo para filhos; e a ascensão da internet, que reduziu o isolamento do desempregado.
Ao mesmo tempo, ficou mais difícil para homens encontrar empregos bem remunerados. A competição estrangeira e avanços tecnológicos eliminaram muitos empregos nos quais as pessoas com formação apenas secundária podiam ganhar US$ 40 por hora. A pesquisa revelou que 85% dos homens sem emprego na faixa etária mais produtiva não têm formação superior. E 34% disseram que tinham antecedentes criminais, o que dificulta encontrar qualquer emprego.
“Eles não estão trabalhando porque não estão sendo remunerados o suficiente para trabalhar”, disse Alan B. Krueger, economista de relações do trabalho e professor da Universidade de Princeton. “Significa que a economia está mais fraca.”
A tendência foi reforçada pela última recessão. Em 2009, a taxa de homens sem trabalho chegou a 20% – depois, o índice se recuperou parcialmente. Mas a recuperação provavelmente não será completa. Sem saber o que fazer, muitas pessoas que param de trabalhar se esforçam para ficar em pé novamente. Alguns trabalhadores demoram anos para voltar ao mercado, enquanto outros não voltam jamais.
Para a maioria dos homens desempregados, a vida sem trabalho não é fácil. Em entrevistas de acompanhamento, cerca de duas dezenas de homens descreveram os dias passados principalmente em casa, consumindo recursos cada vez menores, dependendo de amigos, estranhos e do governo federal. A pesquisa revelou que 30% haviam usado cupons de alimentação, enquanto 33% disseram ter recebido comida de alguma organização religiosa ou sem fins lucrativos.
Os homens podem se sentir menos pressionados a encontrar emprego porque têm menos responsabilidade com a família. Somente 28% dos homens sem emprego – contra 58% das mulheres – disseram ter um filho menor de idade.

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