“Nóia”, mais que um livro, um tema sobre a vida

“Evitar a roleta russa ou, você não deve brincar com isso porque vai morrer”. A frase tem sentido próprio: é a definição precisa da experiência de dependência química. Quem falou sabe do que fala: 12 anos de envolvimento com drogas pesadas, boa parte deles com crack. Uma inesperada sobrevivência que virou livro.

A história de sobrevivência é de João Blota, publicitário, autor de “Nóia: o poder tentador de nossas fraquezas”. A segunda etapa do I Encontro ESPM Consciência e Saúde contou essa história na voz do autor. As palavras iniciais e finais do João apenas descrevem a “surpresa de estar vivo”. A tarefa de hoje, junto com o trabalho na área comercial de uma agência, é contar a sua história para “evitar, o mais possível, repetições dela”.

Diferente de outras histórias semelhantes é a coragem de Blota de falar das sequelas. Quando o apresentador do debate, professor da ESPM Pedro de Santi, perguntou sobre estas “feridas teimosas”, o autor não as escondeu: até hoje sente a “nóia”, a desorientação e a perda de memória. A coragem continua na  conversa dele com o filho adolescente ao contar como é difícil “tirar a roupa de herói” para falar da surpreendente conquista de estar vivo.

No debate, a fala do José Francisco Queiroz, vice presidente de marketing e comunicação da ESPM, incluiu o relato de que “um dos criadores da comunicação  moderna no Brasil” foi o publicitário Geraldo Blota, pai de João, um momento especialmente relevante do debate. Fazer parte de um “grupo de exceção”, os poucos que sobrevivem à situação limite desse envolvimento com drogas pesadas, na expressão do professor Pedro de Santi, definiu um “outro tom” para a conversa sobre “excessos” no cuidado com a vida. Interessante foi a constatação do apresentador: tanto o livro como a fala do João, foram feitas com leveza, honestidade e “até mesmo humor”.  João não escondeu o sorriso na resposta: “é a reconquista da vida que constrói o humor”. Ninguém duvidou.

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